França garante que Assad ordenou ataque químico

Rússia afirma não haver dúvidas sobre o uso do gás sarin, mas que é impossível nomear um responsável. EUA aplicam novas sanções
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O ataque com gás sarin do passado dia 4 contra a cidade síria de Khan Shaykhun, que matou 87 pessoas, tem "a assinatura" do regime de Bashar al-Assad, acusou ontem a França num relatório feito pelos seus serviços de inteligência.

O documento de seis páginas, e que o governo francês decidiu tornar público, afirma "que o regime ainda mantém agentes químicos de guerra, violando os compromissos assumidos em 2013 de os eliminar", refere um comunicado do Palácio do Eliseu. Assad afirmou, em duas entrevistas que deu depois do ataque, que as provas de que tinham sido usadas armas químicas eram falsas e negou que o seu governo alguma vez tenha usado tais armas.

"Sabemos, através de uma certa fonte, que o processo de fabrico das amostras recolhidas é o método habitual desenvolvido em laboratórios sírios", afirmou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Marc Ayrault, após apresentar os resultados do relatório ao presidente François Hollande. "Este método é a assinatura do regime e é o que nos permite estabelecer a responsabilidade do ataque. Sabemos porque mantivemos amostras de ataques anteriores que pudemos usar como comparação", acrescentou.

Entre os elementos presentes nestas amostras está hexamina, uma característica do sarin produzido pelo governo sírio, de acordo com o relatório ontem divulgado. "Este processo de produção é desenvolvido pelo Centro de Estudos e Pesquisas Científicas para o regime", adianta o mesmo documento. Na segunda-feira, os Estados Unidos aplicaram sanções a 271 funcionários desta agência do governo sírio.

"Os serviços de inteligência franceses consideram que apenas Bashar al-Assad e alguns dos seus mais próximos podem dar a ordem para usar armas químicas", pode ler-se no relatório, que lista cerca de 140 supostos ataques químicos na Síria desde 2012. O mesmo documento sublinha que os grupos jihadistas presentes na região de Idlib não têm a capacidade para desenvolver e lançar tal ataque e que o Estado Islâmico não está na região.

Ontem, a Rússia, através do porta-voz do Kremlin, desvalorizou as conclusões francesas, afirmando que "o uso do gás sarin não gera dúvidas, mas é impossível concluir sobre quem é responsável sem uma investigação internacional". Segundo Dmitri Peskov, Moscovo "não compreende por que razão a Organização para a Proibição das Armas Químicas se abstém de tal investigação".

Na sexta-feira, o secretário da Defesa norte-americano, Jim Mattis, já havia dito que "não pode haver dúvidas na comunidade internacional de que a Síria manteve armas químicas".

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