Forte participação no Zimbabwe entre denúncias de fraude
Os eleitores do Zimbabwe votaram calmamente, mas em massa, nas primeiras eleições do país desde que o presidente Robert Mugabe foi obrigado a afastar-se no poder, com o principal candidato da oposição a denunciar que algumas pessoas estavam a ser impedidas de votar nos centros urbanos.
Há 23 candidatos à presidência, mas o favorito é Emmerson Mnangagwa, de 75 anos. Aliado de há longo tempo de Mugabe, assumiu a presidência após este ter sido afastado, em novembro, ao final de 38 anos no poder. O Zanu-PF está no poder desde a independência do Zimbabwe, em 1980, e Mnangagwa espera legitimar o seu governo a nível internacional com estas eleições.
O líder do Movimento para a Mudança Democrática, Nelson Chamisa, de 40 anos, é o principal adversário de Mnangagwa. No Twitter denunciou que a Comissão Eleitoral do Zimbabwe estava a impedir a votação em algumas áreas urbanas onde tem forte apoio, mas sem mostrar provas. "A vontade das pessoas está a ser negada e indeterminada por causa destes atrasos deliberados e desnecessários", escreveu na rede social.
O líder dos observadores da União Europeia, o alemão Elmar Brok, disse que muitos eleitores, especialmente mulheres jovens, abandonaram as filas frustradas com a demora em votar. "Em alguns casos, a votação decorreu de forma muito tranquila, mas noutros decorreu de forma totalmente desorganizada e as pessoas ficaram irritadas e saíram", disse aos jornalistas em Harare. "Não sabemos se foi coincidência ou má organização", acrescentou, citado pela Reuters.
Mugabe, que esteve afastado da vida pública desde que deixou o poder, reapareceu na véspera das eleições e anunciou que votaria pela oposição, surpreendendo Mnangagwa, que o acusou de ter feito um acordo com Chamisa. Este negou qualquer aliança. Mugabe foi aplaudido quando chegou para votar.
A meio da jornada eleitoral, a presidente da Comissão Eleitoral, Priscilla Chigumba, falou numa "participação elevada". Em Harare, as longas filas formaram-se frente aos locais de votação ainda durante a madrugada. No passado, esta comissão foi acusada de interferir nas eleições para garantir as vitórias de Mugabe. "Precisamos de paz e precisamos que toda a gente esteja confortável para sair e exercer o seu direito de voto sem medo", disse Chigumba.
Se nenhum dos candidatos obtiver a maioria absoluta, haverá segunda volta a 8 de setembro. Cerca de 5,5 milhões de pessoas estavam inscritas para votar numas eleições que, para muitos, são uma forma de ultrapassar décadas de paralisação política e económica.