Forças Armadas indonésias censuram documentário sobre massacres de 1965
Segundo o general Nurmantyo, o documentário "The Look of Silence" de Joshua Oppenheimer, de 2014, "distorce os acontecimentos históricos".
"Nurmantyo tem motivos para estar nervoso sobre 'The Look of Silence'", escreve a organização não-governamental.
O documentário entrevista os antigos paramilitares anticomunistas que, contando com a participação de unidades militares, massacraram um milhões de cidadãos, acusados de serem comunistas, sobretudo chineses, sindicalistas e ativistas políticos, em 1965 e 1966", refere a Human Rights Watch.
A organização de defesa dos direitos humanos, com sede nos Estados Unidos, recorda que os "assassinos" relatam com "orgulho" os crimes cometidos, na presença de funcionários governamentais indonésios, atualmente em funções, e que apoiam os acontecimentos ocorridos após o golpe militar de Shoearto (30 de setembro de 1965).
Segundo a Human Rights Watch, as instruções do comandante das Forças Armadas impedem os militares de verem o documentário, exortando os soldados a estarem presentes nas exibições públicas de um documentário de propaganda indonésio, realizado em 1984 ("Pengkhianatan G30S/PKI"), que justifica os massacres como uma medida de defesa necessária para neutralizar a alegada intentona que estaria a ser preparada pelo Partido Comunista da Indonésia.
O documentário de propaganda indonésio foi transmitido pela televisão estatal, a nível nacional, todos os anos, até à queda do regímen de Shoearto, em 1998.
As últimas ordens do general Nurmantyo que colocam o documentário "The Lost of Silence" sob censura acontecem um mês depois de as autoridades terem impedido a realização de uma conferência sobre a possibilidade de exigência de compensações financeiras às vítimas dos massacres.