Foi o próprio 'Sam The Kid' quem incentivou a rimar e a cantar 'rap' nas suas digressões
música "Encontro um sentido, tou catalogado, não apago o meu Passado, nem o posso meter de lado, sou mais um Cadastrado neste mundo civilizado será que sou, Culpado?" O excerto da primeira letra escrita por Nuno Rodrigues, conhecido por "MC Snake", mostra o seu estado de espírito mal saiu da cadeia, após cumprir pena por tráfico de droga. "Ele era uma pessoa supercalma, mas quando saiu da cadeia escrevia sobre aquilo que sentia e as dificuldades que enfrentava", diz Samuel Mira, conhecido por "Sam The Kid", ao DN. Samuel e Nuno conheceram--se ainda crianças nas ruas de Chelas, mas sempre partilharam os mesmos gostos cinéfilos. Musicais não tanto. "Ele ao princípio gostava mais de techno, mas eu incentivei-o a rimar e depois comecei a levá-lo para cantar comigo", diz enquanto tenta lembrar-se dos espectáculos que fizeram os dois. O último foi em Angola.
"A última vez que lhe liguei foi quando morreu o actor Corey Haim. Ele era a única pessoa com quem podia partilhar isto. Nenhum dos meus amigos iria perceber", recorda Samuel. O gosto pelo cinema era tão grande que Nuno chegou a ter uma participação no filme O Crime do Padre Amaro.
"Não encontro outra explicação senão a do racismo. Se fosse um homem de gravata ou uma mulher, a polícia não tinha disparado", acredita. Nuno, ou "Snake", participou nas músicas Doping e Negociantes, de "Sam The Kid". O funeral deverá realizar-se amanhã, segundo a família.