FMI prevê crescimento de 3,9% do PIB e desemprego de 7,7% em 2021

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê, para este ano, um crescimento de 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB) português e uma taxa de desemprego de 7,7%, de acordo com as Perspetivas Económicas Mundiais divulgadas esta terça-feira.
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Assim, no documento World Economic Outlook, ou seja, Perspetivas Económicas Mundiais, o FMI tem as últimas previsões para a economia nacional, apontando um crescimento do PIB de 3,9% para 2021, depois de uma contração de 7,7% registada no ano passado, e um aumento de 4,8% em 2022.

No que diz respeito à taxa de desemprego, o FMI estima que atinja os 7,7% em 2021 e 7,3% em 2022 depois de se fixar em 6,8% no ano passado em Portugal.

De acordo com o relatório, o FMI estima agora, em termos mundiais, uma "recuperação mais forte em 2021 e 2022" em comparação "com as últimas estimativas, com um crescimento projetado de 6% em 2021 e de 4,4% em 2022". Ainda assim, a organização alerta que esta estimativa "apresenta desafios gigantescos relacionados com divergências na velocidade da recuperação" dos países, avisando ainda que há "potencial para danos económicos persistentes" devido à crise gerada pela covid-19.

No Orçamento do Estado (OE) o Governo apontou para um crescimento económico de 5,4% em 2021, mas já revelou que vai rever em baixa esse cenário em abril, quando apresentar o Programa de Estabilidade.

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) reviu também em baixa as previsões de crescimento da economia nacional para 3,3% este ano, face às últimas estimativas que apresentou, de 4,8%.

Por outro lado, no que diz respeito ao mercado de trabalho este ano, o CFP espera "um aumento da taxa de desemprego para 8,3% da população ativa e uma descida para 7,3% no ano seguinte, iniciando em 2022 uma trajetória de diminuição gradual até 6,5% no médio prazo".

O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou esta terça-feira ligeiramente a previsão de crescimento para a zona euro em 2021 para 4,4%, uma vez que se espera que a Europa beneficie das consequências do pacote de estímulos dos EUA.

Contudo, o fosso está a aumentar entre a zona euro e os Estados Unidos, que sairão mais rapidamente da crise da pandemia graças a uma vacinação mais rápida, porque o plano Biden de 1,9 biliões de dólares terá um impacto mais maciço e rápido na economia norte-americana, adianta o FMI.

A previsão anunciada esta terça-feira para a zona euro é 0,2 pontos percentuais superior à publicada em janeiro, mas espera-se que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA aumente 6,4% este ano, uma revisão em alta, de 1,3 pontos percentuais.

A Alemanha deverá crescer 3,6% (mais 0,1 pontos do que estimado em janeiro), a França 5,8% (mais 0,3 pontos), a Itália 4,2% (mais 1,2 pontos) e a Espanha 6,4% (mais 0,5 pontos).

O Reino Unido, que deixou o mercado interno europeu no início de janeiro, beneficia, tal como os Estados Unidos, de uma perspetiva melhorada graças a uma campanha de vacinação mais rápida do que na Europa continental.

O PIB britânico deverá crescer 5,3% este ano, de acordo com o FMI, que aumentou a sua estimativa em 0,8 pontos percentuais face à de janeiro.

Enquanto a economia chinesa alcançou o seu nível pré-pandemia em 2020, espera-se que a economia dos EUA o faça este ano.

Mas, "na zona euro e no Reino Unido, a atividade deverá permanecer abaixo dos níveis do final de 2019 até 2022", estima o FMI.

"Estas diferenças podem ser explicadas pelas diferenças nas políticas [...] de saúde pública em resposta à pandemia, flexibilidade e adaptabilidade da atividade económica à baixa mobilidade, tendências pré-existentes e rigidez estrutural anteriores à crise", observa a organização internacional, sem mais pormenores.

Espera-se que o plano Biden estimule a economia dos EUA durante 2021-22, "com efeitos colaterais significativos para os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos", disse o FMI.

Em 2022, o FMI prevê um crescimento de 3,8% para os 19 países da zona euro (mais 0,2 pontos em comparação com a estimativa anterior).

Mas este último só marginalmente alcançaria o atraso face aos Estados Unidos, cujo PIB deverá crescer 3,5% (valor revisto em alta de um ponto).

A economia mundial está a recuperar mais depressa do que o previsto da pandemia, estimulada pelo crescimento norte-americano e pela vacinação, indicou esta terça-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI), manifestando preocupação com uma recuperação "a várias velocidades".

"Apesar da grande incerteza sobre a evolução da pandemia, vemos cada vez mais a saída desta crise sanitária e económica", considerou Gita Gopinath, economista-chefe do FMI.

A instituição de Washington, que divulgou esta terça-feira as suas últimas previsões mundiais, por ocasião das reuniões de primavera, aponta para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial de 6% este ano (mais 0,5 ponto percentual em comparação com a projeção de janeiro) e de 4,4% para o próximo ano (mais 0,2).

Para os Estados Unidos, que recentemente adotou um plano de relançamento económico de 1,9 biliões de dólares, as projeções de crescimento para 2021 e 2022 são de 6,4% (mais 1,3 pontos) e de 3,5% (mais 1 ponto).

A primeira economia mundial está a ganhar vigor graças a uma campanha de vacinação acelerada, o que lhe tem permitido aliviar as restrições nos setores da restauração, hotelaria e turismo.

Os Estados Unidos são mesmo "a única grande economia" cujo PIB em 2022 vai ultrapassar a previsão feita antes da pandemia, sublinha o FMI.

Se o FMI saúda o impacto positivo do crescimento norte-americano no mundo, também observa uma recuperação "a várias velocidades", com "muitos países" a não atingirem o nível anterior à pandemia antes de 2023, quando a China já regressou a esse nível em 2020.

O Fundo reconhece que ainda há muita incerteza em torno das suas previsões e que estas podem ser melhores, se a campanha de vacinação acelerar a nível mundial ou piores, se a pandemia se prolongar com o aparecimento de novas variantes do coronavírus.

O FMI também disse ser favorável à imposição de uma taxa de imposto mínima para as empresas a nível internacional, um dia depois de um apelo da administração norte-americana nesse sentido.

Os governos estão confrontados com uma evasão fiscal em grande escala e com a transferência de dinheiro para paraísos fiscais, o que preocupa o FMI, porque reduz a base de incidência fiscal que permite "aos governos terem recursos para fazer as despesas sociais e económicas necessárias", explicou Gita Gopinath.

"Somos, portanto, muito favoráveis a um imposto corporativo mínimo geral", acrescentou.

Gita Gopinath também apontou a existência de uma tensão social e económica "extrema" a nível global e advertiu para as divergências devido ao ritmo díspar de vacinação.

"Após um ano de pandemia de covid-19, a comunidade mundial ainda enfrenta uma tensão social e económica extrema à medida que aumenta o número de vítimas e quando milhões de pessoas continuam desempregadas", disse, na conferência de imprensa de apresentação do relatório sobre as "Perspetivas Económicas Globais".

Nesse sentido, a economista-chefe do FMI considerou "fundamental" que se avance na resolução de tensões comerciais e tecnológicas no mundo, como as existentes entre China e Estados Unidos.

O nível "sem precedentes" de apoios públicos com influência no sistema financeiro pode ter "consequências inesperadas", alertou esta terça-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI) no Relatório de Estabilidade Financeira Global.

De acordo com o documento, há dois temas a emergir e que passam pelo impacto destes apoios e pela velocidade assíncrona da recuperação dos países.

"Em primeiro lugar, o nível sem precedentes de apoios pode ter consequências inesperadas", alerta o FMI, apontando para uma tendência de "correr maiores riscos nos mercados" e para "maiores vulnerabilidades financeiras que se podem tornar problemas estruturais", caso não sejam resolvidas.

O Fundo alerta para o comportamento dos mercados, sugerindo que estão a negociar em níveis superiores aos previstos pelos modelos.

O FMI avisa ainda que as estimativas apontam para uma recuperação mundial "assíncrona" e "divergente" entre as economias.

"Há o risco de que as condições financeiras nas economias emergentes possam complicar-se", sobretudo se os decisores "das economias avançadas começarem a trabalhar numa normalização" das políticas e apoios públicos, refere.

Segundo a instituição, os países com bases mais fracas ou acesso limitado a vacinas para a covid-19 "são vulneráveis", realçando que, nos mercados emergentes, os bancos domésticos "absorveram a maioria do crescimento da dívida interna".

O documento do FMI destaca que a China recuperou mais rapidamente do que os outros países, mas alerta que este resultado foi conseguido através "do aumento de vulnerabilidades", em particular de "dívida corporativa arriscada".

"O setor corporativo global for gravemente atingido pela pandemia", garante o FMI, referindo que as empresas maiores, com acesso ao mercado, conseguiram "condições favoráveis" para emitir dívida e lidar com pressões de liquidez.

No entanto, avisa a organização, o aumento do endividamento gerado pelas condições financeiras vantajosas "é um dilema para os decisores" porque o impulso à atividade económica a curto prazo deve ter em conta "o aumento das vulnerabilidades" e os riscos ao longo do tempo.

A economista chefe do FMI disse esta terça-feira que os países de menor rendimento vão receber cerca de 21 mil milhões de dólares do aumento de capital do fundo, devendo a África subsaariana receber "uma parte importante" deste valor.

"Esperamos que, no âmbito da nova alocação de Direitos Especiais de Saque (DES), os países de baixo rendimento [Low Income Countries, LIC na sigla em inglês] recebam cerca de 21 mil milhões de dólares [17,7 mil milhões de euros], e uma parte importante desse valor irá para a África subsaariana, mas não tenho o número exato", disse Gita Gopinath.

A responsável do Fundo Monetário Internacional (FMI) respondia a uma questão da Lusa sobre qual o montante que os países desta região vão receber, durante a conferência de imprensa de apresentação do relatório sobre as Perspetivas Económicas Mundiais, esta terça-feira divulgado no âmbito dos Encontros da Primavera do FMI e do Banco Mundial.

Sobre a situação na África subsaariana, o chefe de divisão do departamento, Malhar Nabar, salientou as dificuldades que a região enfrentava mesmo antes da pandemia e defendeu a necessidade de apostar na diversificação das fontes de financiamento.

"Depois da histórica contração de 1,9% em 2020, esperamos uma recuperação perto de 3,5% neste e no próximo ano, mas dentro da região há enormes diferenças nas circunstâncias dos países", vincou o responsável, salientando que as economias mais dependentes do turismo e as mais apoiadas na exportação de recursos naturais foram as mais afetadas.

"As economias dependentes do turismo, como as Seicheles ou as Maurícias, foram particularmente afetadas, com o colapso dos viajantes e do turismo internacional, e as dependentes de recursos também estão numa situação difícil, ao passo que as mais diversificadas parecem estar a recuperar mais depressa", disse Malhar Nabar.

O responsável referiu que "a região como um todo entrou na crise com elevados níveis de vulnerabilidades da dívida, houve uma queda das receitas com a pandemia e um aumento das despesas relacionadas com a crise, o que tornou a situação ainda mais difícil", alertando que é preciso fazer mais.

"Muitos esforços vão ser precisos para recuperar o caminho de convergência em que estavam antes da crise, e isso tem de vir da comunidade internacional, como o FMI, por exemplo, mas também dentro dos países", alertou.

Para Malhar Nabar, "quando a crise passar, os esforços dos governos têm de ser direcionados para o aumento das fontes de rendimento interno, capitalizar o financiamento privado e garantir que a região como um todo cria emprego suficiente para a sua população jovem".

A diretora executiva do FMI deverá apresentar em junho uma proposta concreta de distribuição dos DES, que são atribuídos de forma automática em função da quota de cada país.

O Fundo defende que os países mais ricos, que recebem mais por terem uma quota maior, devem emprestar a sua parte aos países mais pobres, que vão proporcionalmente receber menos por terem uma quota menor.

No caso dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), a emissão de 650 mil milhões de dólares em DES, cerca de 550 mil milhões de euros, deverá proporcionar cerca de 1.700 milhões de dólares, mais de 1.436 milhões de euros, com Angola a ser o principal beneficiado.

Estes números, no entanto, deverão ser a base mínima, já que nas últimas semanas são cada vez mais as vozes que têm pedido aos países mais desenvolvidos para canalizarem parte da sua alocação para os países em maiores dificuldades financeiras.

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