"Tive o privilégio de o conhecer durante o doutoramento e o mestrado que fiz em Cambridge, entre 1996 e 2001. Na altura, já era uma lenda viva", recordou Carlos Herdeiro, físico atualmente na Universidade de Aveiro. .O físico britânico comunicava através do sintetizador de voz e do computador, mas estavam frequentemente no mesmo departamento e em seminários: "Tive ocasião de falar algumas vezes com ele. Era uma presença, uma inspiração"..Relativamente ao trabalho que desenvolveu, Carlos Herdeiro classificou Stephen Hawking como "um pensador original", que se dedicou a problemas "muito profundos", como a origem do universo e os buracos negros.."Chegou a uma conclusão muito inesperada na altura, que foi que os buracos negros, que são estes objetos que supostamente absorvem tudo, afinal também se evaporam, vão libertando parte da matéria através de uma radiação que ficou conhecida como a radiação de Hawking", recordou..O físico britânico Stephen Hawking, cujo trabalho na área da relatividade e dos buracos negros se destacou, morreu hoje aos 76 anos de idade, na sua casa em Cambridge, anunciou a família.."Teve um trabalho muito influente a nível da estrutura formal da relatividade geral, da teoria de Einstein, que descreve a gravitação, em que tornou os resultados rigorosos", frisou..Carlos Herdeiro sublinhou também que Hawking foi "um comunicador de excelência", dedicando a vida à divulgação científica, através de palestras e da edição de livros, como "Uma Breve História do Tempo".."Tinha uma pequena equipa que trabalhava com ele e as apresentações eram muito interessantes" e numa linguagem simples que cativou a "imaginação da população em geral", afirmou..Apesar de sofrer de esclerose lateral amiotrófica desde os 21 anos, Hawking surpreendeu os médicos ao viver mais de 50 anos com esta doença fatal, caracterizada pela degeneração dos neurónios motores, as células do sistema nervoso central que controlam os movimentos voluntários dos músculos.