Filme premiado de Francis Lee abre Queer Lisboa
A 21.ª edição do Queer Lisboa, que se realiza de 15 a 23 de setembro, começa com uma estreia nacional: God"s Own Country, do inglês Francis Lee, que, em janeiro, lhe valeu o prémio de melhor realização da secção World Cinema Dramatic do Festival de Sundance e que abriu a mais recente edição do Festival de Cinema de Edimburgo, a 21 de junho. Esta foi uma das novidades ontem avançada pela organização do Festival Internacional de Cinema Queer, que revelou as primeiras novidades tanto sobre a edição de Lisboa como do Porto.
Em fevereiro, ao site Screendaily, Francis Lee explicou o que o levou a escrever o argumento de God"s Own Country: "Quando escrevi este argumento não estava a ver histórias nos grandes ecrãs que refletissem as minhas origens. E não apenas como gay, mas como alguém com um passado de classe trabalhadora. Quando vimos histórias em torno de classes trabalhadoras, normalmente são histórias urbanas - relacionadas com drogas, gravidez na adolescência. Acho que nunca vi uma boa representação da classe trabalhadora numa área rural", afirmou.
A ação do filme de abertura desta 21.ª edição passa-se no Yorkshire, onde o realizador nasceu e cresceu, numa quinta de criação de ovelhas. Parcialmente inspirado na sua própria vida, é este o cenário de God"s Own Country.
Para a edição do Porto, que decorrerá entre 4 e 8 de outubro no Teatro Rivoli, a organização revelou qual será o filme de encerramento, que será também uma estreia nacional: 1:54, do canadiano Yan England. Protagonizado por Antoine Olivier Pilon (protagonista de Mommy, de Xavier Dolan), o filme, de 2016, aborda a problemática do bullying nas escolas, acompanhando as lutas quotidianas de Tim entre os problemas na família e na escola.
Em Lisboa, destaque ainda para a presença da artista Shu Lea Chang, natural de Taiwan, que se tem destacado na área multimédia, com trabalhos seus nas coleções de instituições como o Museu Guggenheim ou o Whitney Museum of American Art. No âmbito do Queer Lisboa vai ser realizada uma retrospetiva, a ter lugar no Cinema São Jorge e no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNAC), durante a qual será exibido o projeto Wonders Wander, concebido propositadamente para o Madrid Pride 2017, que trabalha em torno de uma nova geração queer que inclui refugiados, migrantes e transfeministas.
Será ainda exibida em formato de instalação, durante o dia 21 de setembro, a obra interativa Brandon, inspirada na vida de Brandon Teena, conhecido do grande público do filme Boys Don"t Cry. Durante a sua presença em Portugal, Shu Lea Cheang irá apresentar vários dos seus trabalhos e ainda dar uma masterclass focada na sua obra.
A norte, a 3.ª edição do Queer Porto vai destacar a obra de Peter Friedman. O realizador norte-americano, autor do documentário Silverlake Life: The View from Here (1993), estará na Invicta, onde será também exibido em estreia absoluta o documentário Black Star: Autobiography of a Closed Friend, uma prequela de Silverlake Life.