Filme 'O Padrinho' de novo numa sala escura
Qual o melhor filme norte-americano de sempre? A pergunta não podia ser mais abrangente, mas basta consultar o maior portal de cinema online, o Internet Movie Database (www.imdb.com), com um arquivo de mais de 200 mil títulos, para saber qual a obra-prima que aparece no topo das preferências de milhares de cinéfilos o capítulo original de O Padrinho, que revolucionou não só as sagas de gangsters como o próprio cinema enquanto espectáculo dramático.
Se dúvidas ainda existirem quanto ao rigor desta eleição, basta consultar a lista dos cem melhores filmes de sempre eleitos pelo prestigiado American Film Institute e constatar que a obra-prima de Francis Ford Coppola também está numa posição de relevo em terceiro lugar, logo a seguir a O Mundo a Seus Pés e Casablanca.
São raras as oportunidades para ver numa sala escura a história que consolidou o estatuto de Marlon Brando como "actor maior do que a vida", mas a Cinemateca Portuguesa dá este privilégio hoje, às 15.30, no âmbito do ciclo anual "Os Grandes Estúdios" que, este mês, se centra nas "memórias gloriosas" da produtora Paramount.
Don Vito Corleone (Brando, vencedor do Óscar de Melhor Actor) é um dos mais poderosos membros da mafia nova-iorquina (embora com as inevitáveis raízes italianas) que começa a pensar em retirar-se dos negócios obscuros e passar todo o seu património para o seu filho Michael (Al Pacino, num primeiro papel de destaque que esteve para ser de Burt Reynolds, Robert Redford, Alain Delon e Warren Beatty). A transição não é fácil porque a arte de liderar o lado corrupto da lei possui uma série de subtilezas personificadas na postura monumental de Don Vito, que se vai apagando ao longo das três horas de filme.
A história deu origem a duas sequelas, mas já sem o virtuosismo impressionante de Brando, com uma composição sombria só comparável à do coronel Walter E. Kurtz de Apocalipse Now (1979).