Filipe Albuquerque assume Le Mans como objetivo
Escolhido pela Audi para integrar o restrito grupo de pilotos que vão correr as míticas 24 Horas de Le Mans, o português Filipe Albuquerque quer ganhar no ano de estreia, uma ambição que diz ser natural num "projeto ganhador".
"Eu vou ser um 'rookie' [novato] em Le Mans, mas o projeto em si é ganhador. Nos últimos 11 anos [a Audi] ganhou 10 portanto eu - apesar de ser 'rookie' - não posso ir com mentalidade de apenas acabar a prova ou apenas ficar no top-5, porque isso não faz parte do projeto, não é essa a ambição. E depois, também por respeito aos colegas de equipa, vai ser para ganhar", afirmou o piloto de Coimbra, em entrevista à agência Lusa.
Recém-chegado das 24 Horas de Daytona, corrida em que terminou em quinto lugar na sua classe (GTD, num Audi R8 LMS), Filipe Albuquerque encara a prova norte-americana (que ganhou no ano passado na sua classe) como uma boa preparação em termos mentais e físicos, se bem que num carro completamente diferente do que vai conduzir em Le Mans, a 14 e 15 de junho.
"O R8 [de Daytona] é um carro que fisicamente exige muito menos que o R18 e-tron quattro [protótipo de Le Mans], a pressão em Le Mans é sempre acrescida e somos três pilotos, ou seja eu vou conduzir mais tempo, não vou ter tanto tempo para descansar de um turno ['stint'] para o outro. Mas quantas mais corridas de 24 horas fizer melhor é", explicou o piloto.
A Audi ganhou as 24 Horas de Le Mans no ano passado com o carro do dinamarquês campeão do Mundo de Resistência Tom Kristensen, em equipa com o francês Loic Duval e o escocês Alan McNish, precisamente o piloto que abriu caminho ao sonho de Filipe Albuquerque de correr a prova francesa.
"Quando fiz os testes para entrar na Audi foi num R15, num carro de Le Mans, e eles gostaram muito das minhas prestações. Meteram-me no DTM [campeonato alemão de turismo], mas sempre souberam que eu mais cedo ou mais tarde quereria vir para Le Mans. E apareceu a oportunidade, uma vaga livre: o Alan Mcnish reformou-se [...] e eles precisavam de preencher essa vaga. Perguntaram aos pilotos da casa, a um piloto capaz. Não é por sorte nem por favor, claramente, porque estamos a falar de projetos muito ambiciosos", contou Filipe Albuquerque.
O piloto português vai conduzir o terceiro carro da Audi em Le Mans, que nas duas últimas edições teve ao volante o brasileiro Lucas Grassi, o inglês Oliver Jarvis e o espanhol Marc Gene. Grassi deverá avançar para o carro n.º1 da Audi, pelo que poderá ser Filipe Albuquerque a ocupar o seu lugar.
Se o primeiro sonho de Filipe Albuquerque era correr em Le Mans e o segundo é ganhar, o terceiro da lista é passar a um dos dois primeiros carros da Audi e disputar o campeonato do Mundo de Resistência (WEC).
"O sonho vai realizar-se: vou competir em Le Mans e logo num carro destes. Mas o próximo, que está logo abaixo é ganhar, um objetivo bastante ambicioso. [...] O terceiro, mais a médio prazo, é passar para o campeonato do Mundo, em que a Audi só coloca dois carros", contou Filipe Albuquerque.
No carro número três, o piloto português fará apenas as 6 horas de Spa-Francorchamps (segunda prova do WEC, a 03 de maio) e Le Mans.
"Claro que, com os resultados que espero alcançar, com as boas performances, quero passar para um dos carros número 01 ou 02. Nas 24 Horas de Le Mans todos podem ganhar e todos têm a mesma possibilidade, mas só o 01 e o 02 podem fazer o campeonato do Mundo, que são 10 provas", explicou.
Para ganhar, a Audi terá de superar concorrência de peso este ano, lembrou Filipe Albuquerque.
"A competitividade este ano vai ser muito alta. A Porsche regressou após muitos anos [contando com o ex-piloto de Fórmula Mark Webber], a Toyota [2.ª em 2013] também está em forma para ganhar. Portanto vamos ter três construtores muito ferozes. Não vai ser fácil o segundo ponto que tenho na lista", concluiu o piloto português.