Figo e Pauleta lançam o desafio de renovação na selecção nacional
Antes de mais, esclareça-se, não é uma renovação profunda que se depara à selecção portuguesa como desafio para o próximo ciclo de competições (Euro 2008 e Mundial 2010). Não numa selecção que tem um núcleo duro ainda com apreciável longevidade - Ricardo tem 30 anos, Miguel 26, Ricardo Carvalho 27, Fernando Meira 27, Maniche 28, Deco 28, Ronaldo 21, Simão 26...
Portugal não é, pois, uma equipa gasta. Mas os abandonos anunciados de Luís Figo e Pauleta e a perspectiva de fim de linha para nomes como Costinha ou Nuno Valente (31 anos cada) antecipam um desafio imediato para Luiz Felipe Scolari, se continuar à frente da selecção portuguesa : "é preciso retocar lugares-chave da equipa", aponta Nelo Vingada, um dos responsáveis pela formação da geração de Figo.
Comecemos por Figo então. A saída do jogador que ganhou direito a acompanhar Eusébio no topo da história do futebol português tem o valor mais simbólico - pela dimensão que Figo conquistou ao longo de 15 anos com a camisola da selecção - mas para o ex-adjunto de Carlos Queiroz "não é a questão mais preocupante" que se depara ao próximo seleccionador (seja Scolari ou não). "Figo não tem um substituto natural, não há ninguém como ele. Mas há várias opções nessa zona do terreno."
De facto, Portugal já esteve sem Figo e não se deu mal. O camisola 7 anunciou um primeiro abandono da selecção após o Euro 2004 e esteve dez meses sem actuar por Portugal: em sete jogos, cinco vitórias, dois empates e a qualificação para a Alemanha bem desbravada. Simão foi, então, o herdeiro de Figo no onze. E , para Vingada, pode voltar a sê-lo "pela consistência e produção que mostrou na Alemanha". Mas a saída de Figo abre também, definitivamente, "espaço de crescimento na selecção para Quaresma", o grande excluído deste Mundial.
Mais complicado de resolver, o problema do ponta-de- -lança. Para suceder a Pauleta, o controverso melhor goleador de sempre da selecção, mantêm-se Nuno Gomes e Postiga (as alternativas actuais). Depois, olha-se em volta e vê-se apenas Hugo Almeida na selecção sub-21, tão controverso quanto Pauleta no seu futebol. "É a questão mais pertinente para o próximo ciclo competitivo. Resolver o problema da produtividade ofensiva da equipa."
Mas Scolari (ou outro qualquer) deve também começar a integrar uma geração talentosa que mostrou no último Europeu sub-21 correr o risco de se perder. Nomes como Quaresma, João Moutinho, Manuel Fernandes, Nani, Custódio, Nelson ou Hugo Almeida vão aumentar a tão invocada "reduzida base de recrutamento" da selecção AA. E o seu aproveitamento será uma das chaves para "responder a um grau de exigência que aumentou bastante com os últimos Europeu e Mundial", lembra Nelo Vingada.