Na entrevista concedida em exclusivo ao jornal mexicano, Fidel Castro assume a culpa pela discriminação e marginalização de que foram alvos os homossexuais após a revolução cubana, altura em que foram acusados de serem "contrarrevolucionários" e obrigados a trabalhos forçados..O antigo chefe de Estado cubano lamentou não ter prestado "atenção suficiente" a uma perseguição que ocorreu em momentos de "grande injustiça" e de não ter corrigido essa situação.."Se alguém é responsável, esse sou eu. Está certo que, naquele momento, não tinha como me ocupar do assunto", afirmou o ex-presidente cubano, garantindo que pessoalmente não tem preconceitos contra os homossexuais..O líder cubano, que depois de governar 48 anos delegou o poder ao irmão Raul, em 2006, por motivos de saúde, reconheceu o impacto negativo que a marginalização homossexual teve na imagem da revolução cubana em diversos sectores, sobretudo na Europa..Na primeira entrevista que Castro concede a um jornal estrangeiro desde Junho, quando reapareceu em público após uma ausência de quase quatro anos, o ex-presidente explicou que os atentados de que foi alvo nos primeiros momentos da revolução o afectaram "tremendamente" e dificultaram a tomada de decisões.."Escapar à CIA [serviços secretos dos EUA], que comprava tantos traidores, às vezes entre a minha gente, não foi coisa fácil. Mas, enfim, se há que assumir a responsabilidade, assumo a minha. Não vou culpar os outros", frisou..Nos anos 60 e 70, muitos homossexuais em Cuba foram exilados ou encarcerados em campos de trabalho, as chamadas Unidades Militares de Ajuda à Produção (UMAP)..No entanto, a homossexualidade em Cuba foi despenalizada nos anos 90, sendo que desde 2008 é possível beneficiar, no âmbito do sistema nacional de saúde cubano, de operações gratuitas para mudar de sexo..Por outro lado, na mesma entrevista, Fidel Castro também denuncia a continuação do embargo imposto pelos Estados Unidos contra Cuba em 1962, salientando que este "está em vigor mais do que nunca"..Na primeira parte da entrevista, que foi divulgada na segunda feira, Fidel Castro também abordou o tema sensível da sua doença: "Cheguei a morrer, mas ressuscitei num mundo de loucos."