Festival Extremus quer contrariar ideia de que "qualquer coisa serve" para a deficiência
Segundo a organização, com o 'workshop' pretende-se desmistificar junto dos profissionais da área da cenografia a ideia de que "um grupo de teatro amador com atores com deficiência, portanto qualquer coisa serve".
O 'workshop', denominado "O que (não) escolhemos / O que (não) vemos / O que (não) damos a ver", está agendado para dia 17 na Escola Básica e Secundária do Cerco, no Porto, e é uma das 21 iniciativas do Extremus - Festival Internacional de Expressões na Música, Dança e Teatro, que decorre de sábado a 18 de maio.
O festival decorrerá, além do Porto, em Gondomar e pela primeira vez em Vila Nova de Gaia, levando a palco companhias e grupos de teatro com atores com e sem deficiência.
Organizado pela "Era uma vez... Teatro", da Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC), com o apoio do Instituto Nacional para a Reabilitação, o programa do Extremus junta peças de teatro, música, oficinas, espetáculos de dança e conferências.
"É um festival para alertar, mexer com as consciências, pôr a pensar e dar a conhecer o trabalho das instituições e não só. Muito se faz de arte inclusiva em Portugal, mas às vezes fechamo-nos nas nossas capelas, e não temos o cuidado de profissionalizar. E há profissionais disponíveis para colaborar e há muitos trabalhos bons e com qualidade", disse à agência Lusa Mónica Cunha, responsável artística.
Iniciado em 1999, o Extremus vai na 16.ª edição e, no total das 15 anteriores, o festival foi responsável pela programação de 130 espetáculos, apresentou em palco 95 companhias profissionais e amadoras nas áreas de criação em dança, teatro e música de e para pessoas com deficiência.
Mónica Cunha também destacou à Lusa a realização da conferência "Arte Inclusiva para ocupar ou desocupar" agendada para dia 18 no espaço Mira Fórum e difundida 'online' pelo 'site' da APPC.
"É uma conferência provocatória. Pretende-se abrir um debate sobre o trabalho nas artes inclusivas. Passar a ideia de que não estamos a fazer isto para ocupar pessoas, ocupar por ocupar, mas porque é arte", descreveu Mónica Cunha.
Na conferência serão oradores o ator, encenador e fundador da Crinabel, Francisco Brás, a coreógrafa Inês Carvalho e a bailarina Joana Castro, bem como a pintora e artista plástica Suzete Azevedo, Fuse do grupo musical Dealema, e Joana Cardoso, terapeuta ocupacional e membro da direção técnica da APPC.
Em debate estarão áreas como a música, o teatro, as artes cénicas e as artes plásticas e o objetivo é, frisou Mónica Cunha, que rejeita o 'rótulo' de "teatro inclusivo ou especial", "simplesmente falar de arte".
O Extremus também terá um concurso dirigido a novos criadores e a vertente "Extreminhus", que se traduz num projeto educativo especialmente vocacionado para o público infantil.
Através de espetáculos e 'workshops' para escolas, a organização pretende "sensibilizar os futuros adultos", destacando-se, no dia 17, uma sessão de música para bebés no centro de reabilitação da APPC.
Praticamente lotado no primeiro dia, o Extremus 2019 junta mais de uma dezena de companhias de teatro.