Festa por uma noite entre memórias dos anos 80

O Pavilhão Atlântico, em Lisboa, aclamou sobretudo as memórias de Kim Wilde, Nik Kershaw e de uns ABC em forma.
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Ainda não me tinha sentado e já uma voz me chamava: a de uma colega dos dias de escola... nos anos 80. E como eu outros ali encontraram amigos e conhecidos, com memórias de festas ao som da banda sonora que a noite anunciava. Muitos dos que deram ar de casa bem composta ao Pavilhão Atlântico marcaram presença em noite com nostalgia na agenda. Uma multidão dominada por trintões e quarentões não ia ao acaso... E, convenhamos, o modelo do festival Here & Now não pretende mais do que isso mesmo: uma viagem no tempo, por uma noite, a uma série de memórias dos anos 80.

As actuações, arrumadas em duas partes separadas por um intervalo, sucederam-se a bom ritmo. Quatro temas para os primeiros dois, alguns mais para os seguintes, e sets um nada mais longos apenas para os aparentes cabeças de cartaz: Kim Wilde e Rick Astley. Entre todos uma opção em comum: apenas os êxitos.

Kim Wilde foi a figura da noite. Abriu a actuação ao som de View From a Bridge, recordou, entre outros, Cambodia ou o inevitável Kids In America. A plateia cantava em uníssono. Os braços seguiam o ritmo. E perante um entusiasmo que claramente não esperava, a cantora chegou mesmo a parar, alguns segundos, frente a uma sala rendida em aplausos, que depois cederam lugar aos já habituais rituais de escola futebolística. Já Rick Astley, apesar do recente entusiasmo via Internet (todavia junto de um público mais jovem), não arrancou da casa igual entusiasmo. As canções, ao estilo mais-do-mesmo, na verdade, também não ajudam...

Na primeira parte, depois de uns inconsequentes Curiosity Killed The Cat (a mostrar que nem todos os gatos têm sete vidas), Nik Kershaw foi eleito o mais popular por aclamação geral, com as quatro canções que apresentou cantadas, em alta voz, por todos. Belinda Carlisle surpreendeu não apenas pela imagem, como pela ca- pacidade de, num set com canções longe de gourmet, ter agarrado uma plateia. Já dos ABC, com um Martin Fry em forma, ficou claro que a nostalgia por estes lados apenas recorda When Smokey Sings e The Look Of Love.

Cantava-se, dançava-se, fazia- -se a festa. Quem ia ao que sabia voltou, no final, satisfeito ao mundo real. Quem já ia contrariado estava claramente na festa errada.

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