Feministas querem que Oviedo retire estátua de Woody Allen

Após as denúncias de Dylan Farrow, Plataforma Feminista das Astúrias pede retirada da estátua representando o realizador que está instalada no centro de Oviedo.
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É um dos pontos turísticos mais fotografados de Oviedo desde que em 2003 foi instalada junto ao Teatro Campoamor, onde Woody Allen recebeu em 2002 o Prémio Princesa das Astúrias. Agora, a estátua pode vir a ser retirada do local. A exigência, feita em novembro pela Plataforma Feminista das Astúrias e reiterada esta semana após a entrevista de Dylan Farrow à CBS, na qual a filha adotiva de Woody Allen voltou a denunciar ter sido vítima de abusos sexuais por parte do pai quando tinha apenas 7 anos.

Apesar do pronto desmentido oficial do cineasta - "nunca abusei sexualmente da minha filha, tal como concluíram todas as investigações que se realizaram há 25 anos", referia a nota que Woody Allen tornou pública na quinta-feira, após a entrevista -, a Plataforma Feminista das Astúrias trouxe de novo o assunto para o espaço mediático. Em declarações à agência de notícias espanhola EFE, Eva Irazu, membro da organização, explicou que o pedido formal para a retirada da estátua tem de ser feito através do Conselho de Igualdade da Câmara Municipal de Oviedo, onde a plataforma não tem representação. Por isso, refere, vão solicitar a uma associação com assento nesse órgão que leve o assunto ao Conselho "para que, pelo menos, seja debatido". "Queremos que seja retirada porque não é alguém digno de ser homenageado", defendeu ainda a ativista.

Questionada pelo site do jornal espanhol Publico, Marisa Ponga, presidente do Conselho de Igualdade, não revelou a sua opinião sobre esta questão, dizendo apenas que caso a proposta seja apresentada na próxima reunião do Conselho, "será debatida".

A estátua é uma homenagem ao cineasta que, em 2002, no discurso de aceitação do Prémio Princesa das Astúrias, elogiou a cidade. "Oviedo é uma cidade deliciosa, exótica, bela, agradável, tranquila e pedestre; é como se não pertencesse a este mundo, como se não existisse... Oviedo é um conto de fadas", disse Woody Allen, palavras que podem ser lidas junto à estátua. O realizador nova-iorquino, grande admirador da região espanhola, escolheu em 2007 as Astúrias para rodar algumas das cenas de Vicky Cristina Barcelona, protagonizado por Javier Bardem, Penélope Cruz, Scarlett Johansson e Rebecca Hall.

Novamente a colaborar com Woody Allen no filme A Rainy Day in New York, quarto projeto do realizador com a Amazon, Rebecca Hall fez saber que irá doar o cachê que ganhar com este trabalho ao fundo Time"s Up, criado pelas atrizes de Hollywood para combater o assédio sexual.

Timothee Chalamet, que atualmente podemos ver no grande ecrã em Chama-me pelo Teu Nome, e que também integra o elenco de A Rainy Day in New York, anunciou no Instagram que iria seguir o exemplo de Rebecca Hall. Mira Sorvino, Ellen Page, David Krumholtz e Greta Gerwig são alguns dos nomes de uma longa lista de atores que já revelaram estar arrependidos por terem trabalhado com Woody Allen, dizendo-se indisponíveis para voltarem a participar numa produção do cineasta.

Alec Baldwin é uma das poucas vozes a apoiar Woody Allen. O ator escreveu no Twitter que a renúncia ao cineasta e ao seu trabalho é "injusta e triste para mim", acrescentando que trabalhar com Allen foi um dos privilégios da sua carreira.

Apesar de o realizador assegurar que a família Farrow se está a aproveitar "cinicamente" da situação atual para voltar a trazer à luz a acusação de 1992, num artigo publicado em dezembro no The Los Angeles Times, Dylan Farrow questiona: "por que razão Harvey Weinstein e outras celebridades acusadas [de assédio sexual] foram banidas de Hollywood, enquanto Allen recentemente assinou um multimilionário acordo de distribuição com a Amazon, aprovado pelo ex-executivo da Amazon Studios, Roy Price antes de este ter sido suspenso por acusações de má conduta sexual?".

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