Felipe de Bourbon, um rei para a Espanha do século XXI

Moderno e discreto, Felipe foi educado com um único objetivo: tornar-se rei de Espanha. Um papel para o qual tem sido talhado desde a infância e que assume hoje, aos 46 anos, sucedendo ao pai, Juan Carlos, que anunciou hoje a que abdica.
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Felipe estudou no estrangeiro e tem formação militar: "O seu objetivo, o seu único objetivo, é servir Espanha. Foi-lhe inculcado, no seu íntimo, que ele deve ser o primeiro servidor", disse um dia a sua mãe, a rainha Sofia.

A sua missão: assegurar a continuidade da uma monarquia parlamentar instaurada progressivamente com a chegada ao trono de Juan Carlos, em 1975, designado pelo ditador Francisco Franco, como seu sucessor.

O grande desafio: num país cuja popularidade da monarquia vive o seu momento mais baixo de sempre, depois de uma série de escândalos que mancharam a reputação da coroa.

De rosto sério mas sorridente, e de aparência mais reservada do que o pai, o príncipe herdeiro é, há muito, comparado com o pai, Juan Carlos. Muitos, em Espanha, descrevem-se como "juancalistas" mais do que monárquicos.

Os problemas de saúde do rei, a caça aos elefantes no Botswana, muito controversa num país imerso numa grave crise financeira, e o processo judicial que envolve a filha Cristina e o marido desta, Iñaki Urdangarín, fizeram danos na popularidade de Juan Carlos. Ao mesmo tempo, o príncipe tornava-se mais popular.

"Estabeleceu-se um certo equilíbrio entre os dois", sublinhou em 2013 Antonio Torres del Moral, professor de Direito Constitucional.

Moreno, de olhos azuis e com 1,98 m de altura, o elegante Felipe cultiva uma imagem de proximidade e modernidade. Reforçada com o casamento em 2003 com Letizia Ortiz, plebeia, jornalista e divorciada, uma novidade na história da monarquia espanhola.

Do seu casamento nasceram duas filhas louras, Leonor, em outubro de 2005, e Sofia, em abril de 2007.

A família vive numa casa mandada construir por Felipe no parque do Palácio da Zarzuela, perto de Madrid, a mesma cidade onde Felipe nasceu, a 30 de janeiro de 1968.

A lenda diz que Juan Carlos desamaiou quando soube do nascimento do filho, único herdeiro masculinho depois do nascimento das infantas Elena, em 1963, e Cristina, em 1965. Os monarcas tinham por fim o seu futuro rei. A Constituição espanhola dá preferência aos herdeiros masculinos.

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