Feira do Livro de Lisboa cresce para os lados em 2018
Se a promessa do autarca de Lisboa, Fernando Medina, se cumprir a 88ª edição da Feira do Livro de Lisboa será ainda mais gigante do que a que termina hoje. É que o autarca mostrou-se disponível para que o evento ultrapassasse o espaço atual, o das duas alas calcetadas que estão entre as zonas verdes do Parque Eduardo VII, e aceita que a restauração mais "pesada" saia do alinhamento das barracas e seja instalada nas margens, beneficiando essas esplanadas da sombra das árvores. Apesar de contactados os responsáveis da Feira do Livro e da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), ninguém se quis pronunciar. O mais que se conseguiu de uma outra fonte foi que em ano de eleições todas as promessas são possíveis... Mas ninguém desmentiu ou desgosta dessa possibilidade e a promessa foi feita.
Quanto à edição da Feira do Livro que hoje termina, o balanço volta a ser muito positivo. Mais visitantes e mais vendas é uma certeza, mesmo que não se saiba ainda se o objetivo proposto para o total pessoas que se deslocaram ao evento ultrapassará o meio milhão. Esse era o número desejado mas o diretor da Feira, Pedro Pereira da Silva, não se comprometeu com o DN a avançar a quantificação:. "Está muito perto e poderá acontecer, mas..." O "mas" é uma questão atmosférica, ou seja até sexta-feira tudo se encaminhava para ser obtido, contudo ontem o calor acima dos 40 graus que se fez sentir na capital foi um balde de água fria que desmobilizou centenas de leitores e de famílias para fazerem a sua visita ao Parque. "Nada está perdido", assegura, quanto mais não seja, porque a Feira - ou o "evento", como prefere dizer foi mais além do que é habitual: "Bateram-se recordes de vendas, houve mais investimento por parte das editoras e tanto leitores como as famílias acorreram em força." Considera que a oferta é maior e o sucesso da Hora H, quando há um desconto de 50% generalizado, também contribuiu para uma enorme presença.
O presidente da APEL, João Amaral, já tinha confirmado que os editores não recusavam que há um aumento nas vendas este ano: "Diferem de uma editora para outra, mas pelo menos pode-se apontar para entre 2 a 3% no mínimo o crescimento em 2017." Ou seja, acrescenta, "não há razão para a maioria dos editores estarem insatisfeitos.
Entre os editores, Manuel Alberto Valente, da Porto Editora, confirma esse aumento de vendas. Refere também um ponto muito importante para ao amento dos visitantes: a presença dos escritores para as sessões de autógrafos. Aponta duas presenças, Sveva Casati Modignani e Luis Sepúlveda, tendo cada um autografado mais de 500 livros.
Afinal, os escritores é que atraem
Realizaram-se mais de mil sessões de autógrafos nesta Feira, o que mostra a força dos escritores, muitas vezes pouco amados pelas editoras, entre as quais várias de António Lobo Antunes. Uma presença constante no evento e que, ao DN, mostra a satisfação pelas filas: "Os leitores, de todas as idades, continuam a ter interesse em todos os meus romances. Fico impressionado quando assino os primeiros livros e vejo que ultrapassam as 30 edições".
Os números de vendas de livros são quase sempre segredo mas pode-se dizer que a sessão da apresentadora Cristina Ferreira foi um sucesso, com mais de mil fãs. José Rodrigues dos Santos (na foto) vendeu Vaticanum em força. O Pianista de Hotel, de Rodrigo Guedes de Carvalho, foi outro sucesso. A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar, de Ricardo Araújo Pereira foi estrela na Tinta da China. Entre os estrangeiros, Elena Ferrante liderou na Relógio D"Água e Paula Hawkins veio de propósito autografar A Rapariga no Comboio e Escrito na Água, dos quais vendeu mais de dois mil exemplares.