Feijoadas sem fronteiras

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ão se fazem melhores feijoadas do que as portuguesas e destas destacam-se as transmontanas de "feijão-branco-manteiga" com as suas carnes fumadas. São dois os pretextos para que, com toda a opulência, o magnífico prato seja obrigatório em Trás-os-Montes nesta época do ano: festejar o Carnaval, que tem ali grandes tradições, e provar o fumeiro do ano, pormenor de não menos importância.

A prática de associar a carne do porco à mais doce das leguminosas faz-se, contudo, com brilho por todo o País. Muito interessante e diferente é a feijoada que se faz nas Minas da Panasqueira, temperada com pimentão e que do porco apenas usa os pezinhos. Seria imperdoável não referir o que de melhor fazemos com feijão, porco e outras coisas mais, as generosas tripas à moda do Porto, com identidade própria, não se reconhecendo como feijoada.

Desde que atravessou o Atlântico, já lá vão vários séculos, que todos os países da Europa dedicam ao feijão um prato que consideram nacional. É a fabada em Espanha, o cassoulet em França nas suas múltiplas variantes, o fagioli nel fiasco da Toscana, para citar apenas os mais conhecidos. Na América gozam de grande fama desde sempre o baked beans à moda de Boston, os frijoles de olla ou refritos mexicanos e, evidentemente, a feijoada à brasileira, completa invenção dos nossos irmãos, de que a nossa feijoada nem sequer serviu de inspiração.

Se é verdade o feijão seco ter sido em tempos considerado a carne dos pobres, não é menos verdade que foi, nos seus primeiros tempos europeus, alimento de luxo. Não são poucas as razões que fazem dele um alimento de eleição: muito variado quanto à forma e à cor, alia a um sabor doce, muito próprio, uma textura extremamente suave, come-se frio ou quente, aprecia igualmente o sal e o açúcar e é barato dado o seu raro potencial nutricional.

Alguém lhe chamou, com justiça, "fonte de vida adormecida". É rico em proteínas de muito boa qualidade, pobre em gordura, rico em fibras e excelente fonte de potássio, ferro e outros minerais importantes para nós. Comer feijão é, pois, estar dos dois lados da vida, do razoável e do prazer.

Largo de Santos, 5, Lisboa

Tel. 213 972 022

Terça a domingo, 20.00 às 02.00 (fins- -de-semana 04.00). Fecha à segunda

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