FBI procura falso agente secreto que burlou os McCann
Quando foi contratado pelo Fundo Encontrem Madeleine para procurar a menina britânica desaparecida no Algarve em Maio de 2007, Kevin Halligen apresentou-se como um verdadeiro James Bond. Contratar detectives privados, apresentar imagens de satélite e um relatório das chamadas telefónicas feitas na noite do desaparecimento foram só algumas das coisas que o alegado agente secretos - agora procurado pelo FBI pelo seu envolvimento num outro caso de fraude - prometeu fazer.
Kate e Gerry McCann pagaram as 300 mil libras (330 mil euros) pedidas pelo alegado agente secreto, cuja agência, Oakley International, tinha sede em Washington. Mas a única coisa que receberam foi uma imagem do Google Earth e queixas dos detectives privados a alertar que não estavam a ser pagos. Um deles foi Henri Exton, antigo chefe da polícia britânica especializado em operações infiltrado, a quem Halligen deve mais de cem mil dólares pelo seu trabalho no caso Madeleine.
"Ele tinha aquela aura de herói de filme de capa e espada. Agia como se fosse um espião ao estilo de James Bond", contou ao Sunday Times um amigo do casal McCann.
O jornal britânico revelou ainda que documentos provam que a agência de Halligen recebia, de facto, o dinheiro. Mas o alegado agente secreto nunca o usou para os fins a que se destinava. Foi antes retirando avultadas quantias que gastou em proveito próprio. Uma mansão de luxo, hotéis de cinco estrelas e carros com motorista foram algumas das extravagâncias a que cedeu.
Perante as suspeitas em torno de Halligen, em Outubro de 2008 o Fundo Encontrem Madeleine cancelou o contrato com este homem de 50 anos, nascido na Irlanda, mas criado no Reino Unido. De volta a Washington, Halligen partiu para umas férias em Roma e, desde então, permanece em paradeiro incerto. Segundo o The Observer, a última vez que foi visto, encontrava-se no hotel Royal Crescent de Bath, no Sul de Inglaterra, onde dera um nome falso.
Segundo os seus amigos mais próximos, Halligen gostava de se apresentar aos clientes como tendo trabalhado para os serviços secretos. Mas não era só sobre o seu passado profissional que o investigador tinha o mau hábito de mentir. Há dois anos, Halligen terá fingido o próprio casamento com uma advogada de Washington. O noivo garantiu à noiva que os seus superiores na secreta americana não lhe permitiam usar o verdadeiro nome, nem mesmo nos documentos do casamento. E foi assim, com um nome falso e diante de um padre que não passava de uma actor por ele contratado que Halligen disse o "sim" a Maria Dybczak.
Apesar de terem cancelado o contrato com Halligen, os McCann nunca apresentaram queixa contra ele. E é por ter comprado uma mansão de um milhão de dólares com dinheiro alegadamente desviado da empresa Trafigura, acusada de despejar lixo tóxico em África, que Halligen está a ser procurado pelo FBI.