Fátima prepara-se para receber voos religiosos

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Vaticano prevê 150 mil viajantes por ano

O Vaticano quer levar peregrinos a Fátima, como vai fazer noutros santuários do mundo, e até já inaugurou a rota de Roma para Lourdes (França). Na Cova da Iria, ao contrário do que se passa em vários lugares religiosos semelhantes, incluídos na programação da Santa Sé, não há aeródromo autorizado. Mas os responsáveis locais estão no terreno para que a pista que já existe seja certificada para poder servir estes voos.

Quem lança alertas é, para já, o Instituto Nacional da Aeronáutica Civil (INAC), que diz que até ao momento não existe qualquer processo em curso para certificação da pista da Giesteira como aeródromo e que o seu uso para aeronaves comerciais "seria abusivo e sujeito às contravenções da lei para estes casos" .

Numa altura em que foi criada a nova companhia low cost do Vaticano, para voos destinados a peregrinos - a qual prevê transportar 150 mil fiéis por ano -, nos aviões da transportadora Mistral, diversas entidades com interesse e responsabilidades de desenvolvimento em Fátima - Câmara de Ourém, a associação comercial deste concelho (Aciso), o aeroclube e a Sociedade de Reabilitação Urbana da Cova da Iria (SRUCI) - juntaram-se num grupo de trabalho e estão já a desenvolver um projecto para "transformar a actual pista da Giesteira num aeródromo regional" e, assim, "passar a receber voos internacionais".

Francisco Vieira, ex-presidente da Região de Turismo de Leiria e actual presidente da SRUCI - entidade que já recebeu financiamentos do actual Governo, através da Secretaria de Estado do Turismo -, é a face mais visível deste processo. Disse ao DN que "está mandatado para fazer andar o projecto". E assume que "dentro de três meses os estudos estão concluídos". Isto porque nos últimos meses, incluindo Agosto, "passaram pela pista, muitos especialistas na construção de aeroportos", os quais lhe manifestaram "uma grande surpresa pelas boas condições que a infra-estrutura oferece". David Catarino, presidente da Câmara de Ourém, vai mais longe. Declara que entre os técnicos que asseguram a qualidade e capacidade do empreendimento estão alguns dos que trabalham para o INAC e que estes lhe garantiram a possibilidade de "o aeródromo receber, já, pequenos aviões até 60 passageiros e depois da obra de adaptação, voos charter até de 170 passageiros".

No dia 11 do próximo mês, a comissão orientada por Francisco Vieira reúne para definir qual a empresa que vai realizar os estudos. "A expectativa é grande", diz este gestor, apesar das reservas do INAC. David Catarino e o proprietário da pista, Joaquim Clemente, acreditam que "é desta que Fátima vai ter um aeródromo", embora partam de uma obra que ainda tem de ser autorizada, mas que "tem capacidade para receber centenas de milhar de passageiros". David Catarino explica que o PDM já contempla a ampliação de 1600 metros para 1750 da pista, de forma a receber os voos.

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