"Faróis de Portugal" querem ser marca turística de referência

Sugestão consta da proposta de utilização dos faróis como centros de prestação de serviços marítimos, feita pela Autoridade Marítima
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O "turismo marítimo" é um dos vários usos que podem ser dados aos faróis existentes ao longo da costa portuguesa, criando-se "passaportes a carimbar" nos que integrassem a chamada "Rota de Faróis".

Esta ideia consta de um documento da Direção-Geral da Autoridade Marítima (DGAM), onde se insere a Direção-Geral de Faróis, onde se propõe utilizar - aproveitando o boom que se assiste no setor turístico português e nas respetivas receitas de milhões - "o farol como centro de serviços marítimos" para além da tradicional componente de segurança da navegação marítima, em particular costeira e portuária, que justificou a sua criação e existência.

"Os faróis não devem ser considerados apenas para finalidades de assinalamento e posicionamento marítimo" mas, "entendidos como as infraestruturas e os terrenos adjacentes que circundam as torres de alumiamento, devem ser vistos de uma forma integrada como centros de serviços marítimos", lê-se no referido documento.

Para isso contribui a "extensa cobertura nacional" da rede de faróis existentes (ver infografia) e a "excelência dos locais onde se posicionam" - pelo que podem ser aproveitados para fins turísticos, promoção da cultura marítima, segurança da navegação, monitorização e controlo do tráfego marítimo, vigilância costeira ou monitorização do ambiente costeiro, além do tradicional assinalamento e posicionamento marítimos.

No caso particular do turismo marítimo, como sugerido pela DGAM, o ponto de partida parece ser o "universo de 50 000 visitas" registadas em 2015 aos 53 faróis operados pela respetiva direção-geral no continente e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

Essas infraestruturas incluem na maioria dos casos instalações habitacionais, em que a área sem uso poderia ser "devidamente adaptada para a sua utilização turística em regime hoteleiro" - que poderia criar a chamada rede "Faróis de Portugal", como sugerido pela DGAM.

"Faróis de Portugal" é precisamente a designação da marca proposta pela Associação do Turismo Militar Português (ATMP), uma instituição privada criada em 2014 com o patrocínio do então ministro da Defesa José Pedro Aguiar--Branco para desenvolver essa componente específica do setor turístico através da "promoção, divulgação e preservação do património histórico e militar português" - o qual se traduz em mais de 200 imóveis, afetos ao Ministério da Defesa, que estão "disponíveis para serem rentabilizados" em 56 municípios (segundo lei aprovada pelo Parlamento em 2015).

Promover "experiências e vivências únicas a turistas nacionais e internacionais através da "descoberta" de faróis nos diferentes pontos do país" levou a ATMP a criar um roteiro a que chamou "Portugal à Vista" e que engloba 27 faróis (além da Direção-Geral de Faróis) como "pontos de interesse". Para esse efeito, a marca "Faróis de Portugal" poderá incluir polos culturais e museológicos, lojas de produtos alusivos ao tema, cafetarias e alojamentos, envolvendo parcerias com atores ligados, por exemplo, ao surf e à escalada ou à observação de aves, indicou a associação.

Registe-se que, segundo dados do Sistema de Informação para o Património Arquitetónico da Direção-Geral do Património Cultural, existem 43 faróis com edifícios anexos, 11 implantados em fortalezas e um numa igreja.

Construídos na sua maioria até aos finais do século XIX, 26 dos 77 faróis têm uma estrutura quadrangular, enquanto seis são hexagonais e quatro octogonais. Já os edificados no século XX, onde o betão armado substituiu a alvenaria de pedra, passaram a predominar os circulares e com maior altura.

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