Faro: muito mais do que um destino de verão

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Mais de um ano após o primeiro caso de covid-19 registado no país, depois de a pandemia ter fechado fronteiras e corredores aéreos, abriu-se uma janela de oportunidade para o turismo português. Numa conjuntura singular, deram-se os primeiros sinais de retoma de um setor profundamente marcado pela pandemia, que no ano passado viu o número de dormidas cair para mínimos de quase três décadas e as atividades ligadas ao turismo lutarem para ultrapassar uma crise mais profunda do que a de 2009.

Nesta janela de oportunidade alcançámos números tão extraordinários que, uma semana após a abertura do país ao Reino Unido, Faro ocupava o primeiro lugar nas rotas dos quatro aeroportos ingleses. Estávamos cientes da volatilidade destes primeiros sinais de recuperação, dependentes do sucesso dos processos de vacinação, da evolução dos números da pandemia e da imposição de regras mais apertadas às viagens e à circulação. Não esperávamos, no entanto, que durasse tão pouco tempo.

Em menos de um mês, Portugal sai da lista verde do governo britânico, os turistas ingleses ficam obrigados a um período de quarentena no regresso a casa, o turismo sofre outro duro golpe e as previsões de crescimento para o setor caem literalmente por terra. Perante uma decisão com contornos questionáveis, uma vez que a taxa de incidência portuguesa é idêntica à do Reino Unido, resta-nos insistir no caminho que temos feito até aqui: projetar Faro como destino turístico de excelência, para todos os mercados.

O turismo que queremos para Faro passa pela consolidação de uma estratégia integrada, que considera o património cultural e natural, que gera riqueza, que acrescenta valor às pessoas, à cidade e à região. A certificação da Estação Náutica é disso mesmo um exemplo, a prova viva de um projeto bem conseguido e que, juntando quatro dezenas de entidades de várias áreas, conseguiu colocar Faro no mapa dos destinos náuticos mundiais. Queremos o mesmo para o Parque Natural da Ria Formosa: projetá-lo internacionalmente como destino de eleição no segmento de turismo de aventura e natureza.

Faro é muito mais do que um destino de verão. É uma cidade atrativa e competitiva, onde as novas indústrias criativas ganham espaço e impulsionam a construção de novos polos de desenvolvimento local e regional, com forte impacto no turismo. Com a revitalização da baixa da cidade e a candidatura a Capital Europeia da Cultura em 2027 nasceu em Faro a primeira unidade hoteleira urbana de cinco estrelas, dirigida precisamente ao turista que procura eventos de qualidade, experiências diversificadas e a cultura que Faro tem para oferecer. Este novo hotel representa, assim, um marco num momento único e de viragem para construção de um turismo inclusivo, onde todos têm lugar.

Investir no turismo e na cultura é investir em todos nós e na imagem da cidade que queremos projetar num mercado internacional, cada vez mais dinâmico e altamente competitivo, e, representa alavancar todas as outras atividades. Por isso mesmo vamos continuar a requalificar o espaço público, a revitalizar os espaços comunitários, a ampliar os espaços verdes, a devolver aos farenses o que é deles como, aliás, fizemos com o Parque de Campismo da Praia de Faro que abre portas ao público de cara lavada.

A decisão agora tomada pelo Reino Unido irá, certamente, impactar a recuperação económica da nossa região, mas Faro e os farenses estão prontos para enfrentar mais este desafio.

Presidente da Câmara Municipal de Faro

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