Família Pujol movimentou 581 milhões desde 2009
O relatório baseia-se, segundo o jornal, em informação de entidades financeiras na Suíça, Andorra e Luxemburgo e refere-se a valores controlados pelos três filhos do ex-presidente, Jordi, Oleguer e Josep.
Segundo o El Mundo, os investigadores "têm provas de que o clã efetuou pagamentos no estrangeiro no valor de 483.848.087 euros, tendo recebido pagamentos que ascenderam a 97.422.342 euros".
Esse valor, refere o jornal, exclui os fundos que os filhos "gerem através de testas-de-ferro" e os "mais de 2.500 milhões que Oleguer investiu através de sociedades 'offshore' na compra das sedes da Prisa, de 105 escritórios da Bankia e de 1.152 sucursais do Santander e da sua Cidade Financeira".
Segundo o jornal, o valor total movimentado diz respeito apenas a operações declaradas de forma oficial pelas sociedades controladas pela família, bem como por informação fornecida pelos países onde se movimentou o dinheiro.
A notícia foi publicada na véspera da ida ao parlamento catalão do ex-presidente Jordi Pujol, que comparecerá na tarde de sexta-feira para dar explicações sobre o dinheiro oculto que manteve durante 30 anos em bancos fora de Espanha.
Jordi Pujol, uma das principais figuras da política catalã, confessou numa carta, em 25 de julho passado, que a sua família não tinha regularizado uma fortuna no valor de mais de 4 milhões de euros, que alega serem provenientes de uma herança e que estavam depositados em bancos em Andorra.
Nesse dia, Jordi Pujol apresentou uma denúncia contra desconhecidos por terem revelado a existência das contas da família.
A confissão de Pujol causou uma forte convulsão política na Catalunha e no resto de Espanha, com exigências de que o ex-presidente regional renuncie a todos os privilégios de que gozava em função do cargo que ocupou durante 23 anos.
Paralelamente, o seu filho Jordi Pujol Ferrusola é arguido na Audiência nacional por alegado branqueamento de capitais e outros delitos.
Na sua primeira audição como arguido, Pujol Ferrusola rejeitou ter recebido quaisquer comissões por interceder em adjudicações, garantindo que o trabalho que realizou para várias empresas foi sempre real.
Em causa está uma investigação sobre a alegada ocultação de dinheiro não declarado em vários paraísos fiscais, num processo em que também está acusada a sua ex-mulher, Mercé Gironés, e que teve início depois de uma denúncia da sua ex-namorada Victoria Álvarez.
Pujol Ferrusola acabou por ser constituído arguido depois de uma investigação da Unidade de Delinquência Económica e Fiscal da Polícia (UEDF) e da Agência Tributária sobre o movimento de divisas entre 2004 e 2012 em 13 países, num total de 32 milhões de euros.
No seu relatório, a UDEF considera que Pujol Ferrusola recebeu os fundos a troco de serviços prestados a várias empresas adjudicatárias de obras públicas.
Durante o interrogatório, Pujol Ferrusola garantiu que todas as remunerações que recebeu das empresas em causa corresponderam a trabalhais reais e não fictícios, como argumenta a polícia.
A defesa argumentou, durante a audição, que o pai do arguido abandonou a presidência da Generalitat (Governo regional) em dezembro de 2003, dois anos antes de que a maioria dos contratos investigados fossem adjudicados.