Família junta, mas pouco unida
Este fim de semana, o PSD tenta transmitir alguma unidade em Santa Maria da Feira. Tal como uma família desavinda que se reúne na Consoada, falta a empatia e as conversas partilhadas com franqueza e sem segundas agendas. À mesa, em Santa Maria da Feira, os familiares não encheram a sala nem sexta-feira à noite, nem sábado de tarde e à noite.
Só o discurso de Carlos Moedas conseguiu arrebatar a audiência. Sublinhou a necessidade de união: "Somos todos PSD" e "não há aliados de Rio ou de Rangel. Mas não basta sermos unidos, temos de ser concretos". Moedas proferiu o discurso que mais empolgou os congressistas. E deu o exemplo de Lisboa, onde o PSD ganhou a câmara municipal contrariando todas as previsões e sondagens. Foi um discurso cheio de mensagens importantes para o futuro dos "laranjas". Moedas foi mobilizador e pediu a união do partido, só assim "será alternativa ao PS" para ganhar as legislativas, defendeu. Rui Rio ouviu-o com atenção, quer quanto ao conteúdo quer quanto à forma eficaz de comunicar.
Depois da guerra fratricida entre Rui Rio e Paulo Rangel, neste Congresso proliferaram as listas reforçando o sentimento de falta de unidade laranja. Rio logo reagiu a esse facto ao dizer que considera "normal" haver "muitas listas" para o 39.º Conselho Nacional do partido.
A reunião magna social-democrata arrancou na sexta-feira com um discurso do presidente do partido repleto de recados internos, avisos ao Partido Socialista e muito foco numa só região, o Norte, e nos seus protagonistas. Um líder que quer ser ouvido em todas as regiões, que quer ser nacional e agregador, deveria optar por um discurso abrangente, e não regionalista. Isso cabe aos autarcas, não a um candidato a primeiro-ministro. Enquanto as regiões continuarem a alimentar o sentimento e a narrativa de que são coitadinhas e ostracizadas - em vez de lutarem por ser competitivas, colaborativas e criativas -, alimentam um espírito político de aldeia que limita o raio de visão e de ação. Se o PSD se anuncia como um partido "ao centro", também a retórica deve ser ao centro, e não ficar apenas no extremo norte.
Nesta altura de incertezas, na vida e no país, do extremo norte os portugueses esperam uma única figura: o Pai Natal. O melhor presente que poderia trazer seria o fim da pandemia e a recuperação da liberdade total, sem que tenhamos de pensar duas vezes antes de sair de casa para umas simples compras ou um jantar. Até dia 24 de dezembro são muitas as incógnitas acerca de como vamos viver o período das festas.
Por cá, ontem registaram-se mais 5062 casos e 12 mortes, e são muitas as camas em cuidados intensivos ocupadas. Por isso, testar com regularidade volta a ser determinante. Porém, há várias semanas que faltam testes para venda. Ontem, o governo garantiu que está a ser feito um esforço para repor os testes até ao Natal. António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, afirmou que todos vão poder testar-se para chegarem ao Natal "com tranquilidade". E aproveitou para fazer um apelo aos portugueses para fazerem testes rápidos e autotestes nesta época festiva. Recados com a esperança de não ter de fechar o país de novo, como decidiram ontem os Países Baixos: entram em confinamento este domingo e durante todo o período do Natal, numa medida que visa tentar conter a subida do número de casos da variante Ómicron.