Falta um kit espacial no museu? Será já remediado, e com dois
João Neto estava uma noite a passear com os filhos e, olhando para as estrelas, percebeu que o Museu da Farmácia, tão rico em peças históricas de todo o mundo, nada tinha relacionado com o espaço. Seguiram-se dois anos de telefonemas para a NASA, explicações e mais explicações, até uma visita fortuita de uma conselheira científica presidencial para ver se o museu existia mesmo, e por fim a doação americana: o estojo de medicamentos da tripulação de uma das missões do vaivém Endeavour.
O prémio para a perseverança do diretor do Museu da Farmácia, com polos em Lisboa e no Porto, são as duas pequenas malas, azuis, com vários tubos, expostas numa vitrina dedicada ao papel da medicina e da farmacêutica na aventura espacial.
Eao lado do material da NASA há outro, cujas inscrições em cirílico deixam logo adivinhar que pertenceu a astronautas russos, ou cosmonautas, como se costumava dizer no tempo da União Soviética. Trata-se de um kit médico destinado a uma equipa que estava bordo da Estação Espacial Internacional e chegou entregue em mão por um russo que tinha ido ao espaço, isto depois de João Neto ter feito ver ao embaixador russo em Lisboa que não fazia sentido a NASA estar representada e a agência russa não.
De vasos para pó de múmia a um vibrador medicinal sueco, há de tudo um pouco no surpreendente Museu da Farmácia. As peças nacionais vêm sobretudo de doações de farmacêuticos e família, as estrangeiras são muitas vezes compradas em leilões, com João Neto a ter de fazer milagres com os recursos que tem e também saber resistir ao que não é essencial.
Ora, este português que cresceu a ver Espaço 1999 e Cosmos, de Carl Sagan, ainda antes das doações americana e russa mas já depois do passeio noturno, regressou um dia dos Estados Unidos com o relatório médico do primeiro astronauta da NASA. "Uma bela compra", assume João Neto, convidando todos a ir ao museu ver estas peças relacionadas com o espaço.