Falta de pastagens para gado e cereais em risco de perda total no Baixo Alentejo

Falta de pastagens para alimentar o gado, plantações de cereais "bastante comprometidas" e com risco de perdas totais e "despesas extras" para regar culturas de regadio são os efeitos da seca no Baixo Alentejo, segundo os agricultores.
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A seca no distrito de Beja, onde "não chove há mais de dois meses", está a afetar sobretudo a pecuária, devido à falta de pastagens para alimentar o gado, disse hoje à Lusa João Madeira, da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA).

Devido à falta de chuva, "quase não houve erva este inverno e a pouca que houve já foi consumida e, por isso, os criadores têm vindo a esgotar as reservas de forragem conservada e estão a chegar à fase em que vão ter que começar a comprar forragens ou rações no mercado", explicou.

Esta necessidade vai implicar "uma despesa acrescida com a alimentação do gado", disse, referindo que o mercado de produtos para alimentação animal, "como todos os mercados, responde a estímulos da especulação.

Por isso, frisou, "o preço das forragens está com tendência de subida", o que "já está a causar embaraço aos criadores de gado".

Também devido à falta de água, as culturas de outono/inverno, sobretudo de cereais, como aveia, cevada e trigo, "já estão bastante comprometidas e, se não chover nas próximas semanas, vai haver um cenário de perda quase total", alertou.

Ao nível do regadio, os agricultores já têm necessidade de começar a regar culturas permanentes, que "não era suposto serem regadas em pleno inverno", o que implica "despesas extras" em regadio e "numa altura em que a disponibilidade de água para rega é reduzida", disse João Madeira.

No Baixo Alentejo, exemplificou, há "uma área muito significativa de olival relativamente jovem, algum instalado este ano, que já está precisar de ser regado, mais cedo do que seria normal, o que acarreta mais despesas".

Por outro lado, estamos na fase de cultivo das culturas de primavera/verão, como milho, girassol e olival, as quais "precisam de um respaldo de disponibilidade de água", que, atualmente, "não é a ideal".

Por isso, explicou, os agricultores, "com disponibilidade de água reduzida e um grau de incerteza relativamente acentuado em relação às existências de água para as necessidades no futuro, estão a pensar não duas, mas três ou mais vezes antes de instalar as culturas" de primavera/verão.

"Vamos ter necessidades de rega acrescidas este ano, porque não choveu, as charcas estão com níveis de armazenamento muito baixos e as barragens particulares não encheram", alertou.

Para já, "ainda é difícil ter uma estimativa de prejuízos", disse João Madeira, referindo que a FAABA já pediu à ministra da Agricultura para "equacionar algumas medidas, que podem ajudar a aliviar as dificuldades de tesouraria dos agricultores".

O pagamento dos saldos "em atraso" das ajudas comunitárias de 2011 e o adiantamento dos montantes relativos a este ano e uma linha de crédito para os agricultores e com um prazo de amortização relativamente alargado são medidas defendidas pela FAABA.

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