Fado e Fandango são dois dos 20 linces que Portugal vai receber

Fado e Fandango são dois dos 20 linces espanhóis criados em cativeiro que Portugal vai receber para reprodução e repovoamento de habitats no prazo de três anos, anunciou hoje o ministro do Ambiente, Nunes Correia.
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"São 14 machos e seis fêmeas", que devem chegar até final do Verão, revelou o ministro.

Os primeiros animais deverão ser deslocados de Espanha para o centro de reprodução em cativeiro, em Silves, "na primeira quinzena de Setembro", detalhou a ministra do Ambiente espanhola, Elena Espinosa Mangana.

Os dois membros dos governos ibéricos falavam em Penamacor, durante a assinatura do protocolo ibérico sobre a cedência de linces para reprodução em cativeiro em Silves.

Na cerimónia, até foram revelados os nomes próprios dos animais que Portugal vai receber - onde não faltam um lince chamado Fado e outro Fandango ou uma Espiga e Fresca entre as fêmeas.

Nunes Correia agradeceu a Espanha a cedência dos linces, mas a ministra Elena Espinosa Mangana devolveu os agradecimentos, porque "para os animais não há fronteiras. Não conseguiríamos ter um habitat adequado se só o fizéssemos em Espanha. Logo, precisamos desta colaboração", destacou.

Nunes Correia acredita que Portugal voltará a ter linces na natureza "no máximo dentro de três anos". "É imprevisível, mas é a expectativa que os técnicos nos dão", realçou.

"É preciso ter uma população considerável gerada em cativeiro e dominar a técnica de reprodução, para depois dar o passo seguinte que é a introdução na natureza", acrescentou o governante.

O regresso ao meio natural será feito primeiro num cercado experimental, uma zona de aclimatação ampla, para testar o regresso à liberdade, seguindo-se o repovoamento das zonas onde o lince já viveu: Malcata, Nisa / Lage da Prata, São Mamede, Moura /Barrancos, Guadiana, Monchique, Caldeirão, Barrocal.

O objectivo é preencher "todas as zonas. São estas que fazem parte do programa e é isso que queremos", salientou Nunes Correia.

A zona de aclimatação ainda está por definir, "de acordo com critérios técnicos que são discutidos a nível ibérico e que vão presidir a esse tipo de escolha".

Nunes Correia garantiu no entanto que "a Serra da Malcata é uma das primeiras zonas onde o lince vai ser introduzido na natureza". Uma resposta ao presidente da Câmara de Penamacor, Domingos Torrão anfitrião da cerimónia de hoje, que voltou a pedir o regresso da espécie ao concelho.

A autarquia de Penamacor viu aprovada a candidatura para a criação de um centro de interpretação animal, tendo registado a marca "Terras do Lince", com a qual promove produtos tradicionais como o queijo, mel ou azeite.

O lince ibérico (Lynx pardinus) é considerado o felino mais ameaçado do mundo e, de acordo com o último censo nacional da espécie, está em fase de pré-extinção em Portugal, sendo que desde 2001 não se detectam vestígios em território nacional.

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