Fabrizio Romano. O jornalista que é 'rei' do mercado de transferências

É considerado um dos mais credíveis jornalistas na área das transferências futebolísticas e marca o ritmo das notícias. Aos 30 anos é seguido por milhões nas redes sociais, onde vai atualizando o estado dos negócios que são confirmados com um "here we go".
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"Here we go (Aqui vamos nós)." É este o sinal que o jornalista Fabrizio Romano utiliza para assegurar que mais uma contratação foi consumada. Seguido por milhões de adeptos nas redes socais, seja X/Twitter (18,4), Instagram (23,5), YouTube (1,96, só de subscritores), Facebook (13) ou TikTok (8,5), o italiano tem-se tornado nos últimos anos uma das principais estrelas sempre que o mundo de futebol abre o mercado de transferências.

Atualmente com 30 anos, desde os 16 que se dedica a esse segmento específico no jornalismo - o acompanhamento do mercado - e enquanto há a possibilidade de os clubes contratarem, não tira os olhos do ecrã. "Há dias em que é uma loucura, estou ao telefone umas 18 horas por dia. Assim que abre o mercado de transferências, passo todo o dia no telemóvel. Nessa altura não tenho tempo para hobbies ou para a família, estou sempre a trabalhar. Felizmente, todas as pessoas à minha volta sabem que o meu trabalho requer essa dedicação e toda a gente respeita isso. Às vezes durmo três horas, outras cinco. Nunca sei com antecedência o que vai acontecer e a que horas consigo ir para a cama", admitiu numa das muitas entrevistas que tem dado.

Até ao fim deste mês - e provavelmente mais um par de semanas, uma vez que a Arábia Saudita, por exemplo, só encerra as inscrições a 20 de setembro, para desespero de muitos clubes europeus que se arriscam a perder jogadores sem possibilidade de os substituírem... -, Fabrizio Romano não terá descanso.

Só no domingo anunciou a contratação do guarda-redes Dean Henderson (do Man. United para o Crystal Palace por perto de 20 milhões, com os red devils a avançarem para o turco Altay Bayindir), do atacante ganês Mo Kudus (do Ajax para o West Ham, por 45M€). Na véspera garantira a chegada do espanhol Iván Fresneda a Alvalade e a contratação do português Beto (ex-Udinese) pelo Everton. E, pelo meio, ainda foi atualizando outros negócios em curso, como o do interesse do Manchester City no ex-leão Matheus Nunes, do Wolverhampton, por quem os mancunianos terão subido a parada para os 60 milhões.

Naturalmente, Fabrizio Romano tem-se tornado ele próprio uma estrela no meio. Nascido em Nápoles, licenciou-se em Milão (onde vive), mas desde os 16 anos, segundo o próprio, que já sabia muito bem o caminho que pretendia seguir. "Percebi que queria ser jornalista desde muito novo, porque sempre gostei muito de futebol, mas não tinha nível para jogar profissionalmente. Por isso, escolhi imediatamente o jornalismo. E também tive uma experiência num pequeno site, quando tinha 16 anos, que me fez perceber que esse era o caminho. O meu amor pelo futebol veio do meu pai, Luigi, também ele um adepto que sempre me puxou para o desporto", assinalou numa conversa com o Sporting News no início deste ano.

E apesar de colaborar ou ter colaborado com alguns órgãos de comunicação importantes, como a Sky Italia ou o The Guardian, são os seus tweets que lhe garantem um rendimento que, segundo o Daily Star, ronda o milhão de euros por ano.

Apesar de italiano (além da língua materna fala também inglês, espanhol e português), já afirmou publicamente que o seu clube é o... Watford, atualmente no Championship (II Divisão inglesa). "Tem sido o meu clube nos jogos FIFA e Football Manager desde os 15 anos. E, claro, por ser propriedade de italianos [Gino Pozzo, um antigo prospetor de talentos, filho de Giampaolo Pozzo, dono da Udinese]. Gostava de voltar brevemente ao Vicarage [estádio do clube, que já foi de Elton John, entre 1976 e 1987]", confessou em 2019.

Mas foi, naturalmente, no país natal que se começou a distinguir e o seu primeiro grande "triunfo", aquele em que começou a construir a sua reputação, deu-se quando noticiou a transferência de Mauro Icardi da Sampdoria para o Inter. Já o sabia há seis meses na altura do anúncio mas aguardou o tempo necessário, mesmo correndo o risco de ser ultrapassado: diz fazer questão de respeitar todas as suas fontes, pois só assim consegue que confiem nele.

"Honestamente não sinto pressão. Sei que, graças às redes sociais, cada palavra minha tem um grande impacto no futebol a nível mundial, mas, ao mesmo tempo, acredito humildemente que sou apenas um jornalista e o futebol é apenas um jogo. Aqueles que têm realmente poder e sofrem pressões são pessoas que têm trabalhos muito mais exigentes que o meu. Ser um jornalista especializado no mercado de transferências é stressante e difícil, mas é um belo trabalho", assinala.

E são os próprios clubes a reconhecer a sua credibilidade. Como sucedeu quando Lorenzo Insigne se transferiu para o Toronto e o clube publicou um tweet que dizia "Não é oficial até Fabrizio Lorenzo dizer as palavras mágicas "Here we go"" para confirmar a chegada do avançado italiano ao Canadá.

"Quando isso aconteceu, parei e pensei: "É incrível!" Cinco minutos depois avancei para a próxima notícia. Quem para está perdido no mercado de transferências", assinala, antes de revelar como adotou as três palavras mágicas: "Há alguns anos estava a anunciar uma transferência do Manchester United e depois de um mês de atualizações escrevi "Here we go" como se dissesse que o negócio estava finalmente feito. A partir daí, os adeptos pediram-me que fizesse o mesmo noutras transferências e eu percebi que era uma boa ideia, precisamente por ter sido uma sugestão dos meus seguidores e não uma estratégia de comunicação ou a sugestão de alguma agência."

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