Fábrica da Autoeuropa com futuro incerto depois do ano 2011

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A permanência da Autoeuropa em Palmela está outra vez na ordem do dia. Em 2011 termina o contrato de investimento entre a Volkswagen e o Estado português, assinado em 2004, para a produção do VW Cabrio, num investimento de 600 milhões de euros, e o futuro é uma incógnita. Em declarações ao DN, Américo Flor, do Sindicato dos Metalúrgicos de Setúbal, diz querer acreditar que a empresa se mantenha para além dos sete anos negociados. Caso contrário, adverte, "viveremos uma crise pior que a que o distrito viveu em 1983".

O futuro é incerto porque os MPV Sharan (VW) e Alhambra (Seat) deixam de ser produzidos em 2007, e o Galaxy (Ford) no fim deste ano. Até final de 2006, a Autoeuropa terá de conhecer o sucessor do MPV, e na corrida estão várias fábricas, algumas na Alemanha. Estas estão neste momento a negociar acordos laborais que - diz Emílio Sáenz, director-geral da Autoeuropa - "nunca se pensaria que fossem assinados na Alemanha".

A fábrica tem capacidade para produzir 180 mil veículos e a produção estimada para este ano deverá situar-se abaixo das 90 mil unidades. A viabilidade da fábrica está ameaçada pela quebra de encomendas e a produção do Cabrio - 50 mil veículos/ano, não é suficiente para a sua manutenção. Contudo, as preocupações mais imediatas vão para a continuidade das empresas instaladas no distrito de Setúbal, e que não foram seleccionadas para fornecer o Cabrio. Américo Flor aponta para uma supressão de cem postos de trabalho só no parque industrial da Autoeuropa. Mas fora do parque a situação é grave. A Alcoa e a Rieter concentram atenções - em causa estão mais de 300 empregos.

Rui Silva, responsável da Donnely, fornecedora dos espelhos retrovisores para os MPV, presente no parque industrial e que não foi seleccionada para o Cabrio, realça, em declarações ao DN, que a "permanência da Donnely está comprometida, se não se mantiver um elevado volume de negócio". E salienta que os pequenos negócios "poderão facilmente ser geridos e controlados a partir de outros centros". A unidade reporta à Magna Donnely Espanha, que actua como centro de gestão e desenvolvimento das várias unidades. Para o responsável da Donnely, "o cenário é cinzento", pois "os produtos que fornecemos já têm final de produção estimado". Questionado sobre a permanência da Autoeuropa em Portugal, Rui Silva afirma que "os euros terão sempre a última palavra, e os próximos dois anos serão decisivos".

Sobre a exclusão de actuais fornecedores, Emílio Sáenz diz que não foram escolhidos " por falta de competitividade". Mas, realça, "podem candidatar-se ao próximo carro". A situação da Alcoa, em Paio Pires, ilustra esta afirmação. A empresa de sistemas eléctricos foi substituída no Cabrio pela Alcoa da República Checa. João Candeias, director-geral da Rieter, que fabrica protecções acústicas e térmicas, que também ficou de fora, encara o futuro com "preocupação". Em causa estão 180 postos de trabalho. A Vanpro, instalada no parque e que monta bancos para os MPV, tem igualmente o futuro comprometido.

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