Extremistas judeus ameaçam Sharon

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O primeiro-ministro israelita continua a ser alvo de ameaças dos colonos e dos extremistas judeus. Os alertas surgem um pouco de todo o lado e ontem foram verbalizados pelo ministro das Infraestruturas, o trabalhista Benjamin Ben-Eliezer, durante a reunião semanal do Executivo.

"Aviso-vos eles vão tentar matar o primeiro-ministro. Começa por ataques a soldados. Estamos num Estado de direito e devemos examinar esta situação com cuidado", disse Ben-Eliezer, numa alusão ao ambiente que se vivia aquando do assassínio do primeiro-ministro Yitzhak Rabin em 1995.

Ben-Eliezer deu a conhecer ao Gabinete o conteúdo de algumas das cartas ameaçadoras que tem recebido; outros ministros revelaram também terem recebido o mesmo tipo de missivas.

Sharon afirmou-se escandalizado com o fenómeno e ainda mais com o conteúdo das cartas em causa e exigiu que sejam tomadas "medidas práticas" para o conter.

O Shin Bet (serviços secretos internos) tem alertado com insistência para eventualidade de ataques da extrema-direita israelita e dos colonos contra responsáveis governamentais e militares. Segundo o Shin Bet, a ameaça deverá intensificar-se à medida que se aproximar o momento para a retirada israelita da Faixa de Gaza e do Norte da Cisjordânia.

Ontem, e em mais uma atitude de braço-de-ferro com Sharon, os colonos de Gush Katif (bloco de colonatos da Faixa de Gaza) afirmaram-se prontos para abandonar o território se o primeiro-ministro estiver disposto a realizar um referendo ou a convocar eleições antecipadas - situação que Sharon recusa à partida.

barghuti. E enquanto Israel começa a perceber que pode ser confrontado com um novo assassínio político, prossegue o diálogo com a Autoridade Palestiniana (AP). Ontem, fonte ligada às negociações revelou que o Governo de Sharon aceitou transferir o controlo da cidade de Jericó para a AP e se a calma continuar, o mesmo acontecerá com as cidades de Tulkarem e Qalqiliya.

Acordada foi também a libertação, no início da próxima semana, de 500 palestinianos. O Governo de Sharon decidiu, porém, não integrar Qassam - o filho mais velho de Marwan Barghuti, líder da Fatah condenado a prisão perpétua. A libertação de Qassam já fora anunciada e este recuo de Sharon poderá provocar alguma instabilidade nos territórios.

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