Exposição sobre Tarrafal no Museu do Neo-Realismo
Em declarações à agência Lusa, Alfredo Caldeira, comissário da exposição, considera que se trata de uma mostra que, até ao próximo dia 29 de Agosto, "dá um quadro de referência sério e isento sobre o Tarrafal".
"O Tarrafal abriu em 1936, mas temos aqui a ordem de Salazar que cria o Tarrafal em 1935, que ordena que se construa o Tarrafal", explicou.
Aquele campo de concentração, além da dureza do tratamento, caracterizou-se, numa primeira fase, pela existência de uma cela disciplinar - a Frigideira - onde as pessoas eram mantidas em condições inumanas.
"Aqui reconstruímos essa cela para que as pessoas tenham ideia não só das condições de privação da liberdade, mas também da repressão violenta a que este tipo de tratamento levava", salienta Alfredo Caldeira, que também pertence à Fundação Mário Soares.
A exposição documental, surge da parceria entre o Museu do Neo-Realismo, a Fundação Mário Soares e a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e sucede a uma outra mostra realizada no ano passado no próprio campo de concentração do Tarrafal.
"É um ato de preservação da memória. Até agora, apenas se falava da parte dos presos portugueses, de 1936 a 1954. Nesta exposição divulgamos a parte dos presos africanos - caboverdianos, angolanos e guineenses, de 1961 a 1974, sublinha Alfredo Caldeira.
"Compreender este sistema prisional que envolveu milhares de pessoas, de vítimas, é isto que nos importa - preservar a verdade histórica", salientou.
No dia 18 de Abril, em paralelo com exposição, decorre a antestreia de um documentário de Diana Andringa sobre o campo de concentração.
Estão ainda programadas três sessões no auditório do Museu do Neo-Realismo. A primeira no dia 8 de maio, contará com a presença de Edmundo Pedro e Julião Soares de Sousa, dois sobreviventes do campo de concentração.