Em declarações à agência Lusa na sexta-feira, a artista portuguesa Leonor Antunes definiu a exposição como "uma segunda pele" criada naquele palácio histórico, onde nasceram diálogos entre a sua obra e a cidade..Em fase de finalização do projeto expositivo para ser hoje inaugurado, a artista disse estar "muito satisfeita" com a montagem do seu trabalho, que irá concorrer ao Leão de Ouro da Bienal, uma das mais importantes mostras internacionais de arte contemporânea, com abertura ao público prevista para sábado.."Esta exposição é importante porque descobri coisas novas no meu trabalho, aprendi coisas novas", disse a artista à Lusa, questionada sobre qual o valor pessoal, na carreira artística, quanto à presença na Bienal de Veneza.."Não vejo as coisas nesses termos. Eu já mostrei o meu trabalho aqui anteriormente, e o que me interessa é saber se consigo fazer o que quero", disse a criadora de 47 anos, escolhida pelo curador João Ribas para criar um projeto de representação oficial portuguesa oficial na 58.ª Bienal de Arte de Veneza..Intitulado "a seam, a surface, a hinge or a knot" ("uma costura, uma superfície, uma dobradiça ou um nó", em tradução livre), o projeto tem pré-abertura marcada para hoje, abrindo a bienal ao público no sábado, prolongando-se até 24 de novembro..O projeto de Leonor Antunes resulta de uma pesquisa que tem vindo a realizar já há alguns anos, em anteriores exposições que fez em Milão e Veneza, sobre o trabalho de figuras importantes no contexto da arquitetura de Veneza, nomeadamente Carlo Scarpa, Franco Albini e Franca Helg e, mais recentemente, as arquitetas Savina Masieri e Egle Trincanato.."São estas pessoas que me fascinaram e cujo trabalho me inspirou", salientou..Sobre o Palazzo Giustinian Lolin, onde está a fazer a intervenção, a artista descreveu-o como "um espaço difícil para trabalhar, porque, sendo património histórico, não é possível tocar nas paredes ou no chão do edifício, e o projeto é totalmente 'site specific' [concebido para este espaço, em si mesmo]"..As obras em escultura, que vai apresentar no interior de três salas do edifício, foram feitas em oficinas de carpintaria, em metal, cortiça, cabedal e vidro, em Veneza, Berlim e Lisboa.."Consegui estabelecer um diálogo entre o meu trabalho, este edifício e a cidade, e contornei a impossibilidade de suspender as peças com a criação de esculturas verticais", descreveu a artista, que conseguiu retirar cortinas e candelabros no interior, e dar-lhe uma atmosfera moderna..A ministra da Cultura, Graça Fonseca, estará presente na inauguração oficial do Pavilhão de Portugal, na quinta-feira, numa sessão, às 17:00, a que se seguirá um concerto..A 58.ª Exposição Internacional de Arte inaugura no sábado e vai decorrer até 24 de novembro deste ano, na cidade italiana, com curadoria do britânico Ralph Rugoff, diretor da Hayward Gallery, em Londres, e terá como tema "Tempos Interessantes".