Exportações de relógios crescem 25% ao ano
O setor da ourivesaria, joalharia e relojoaria perdeu empresas e empregos durante a crise, mas a meta de atingir 150 milhões de euros em exportações até 2022 foi ultrapassada: em 2015 foram vendidos 166,4 milhões de euros ao estrangeiro, graças à exportação de relógios.
Segundo o estudo que a Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP) preparou antes da edição deste ano da Portojoia, o setor começa a reanimar-se, impulsionado pelas vendas ao exterior.
Na ourivesaria, por exemplo, o emprego encolheu 47% entre 2004 e 2015 e o valor acrescentado bruto diminuiu 38%. Restaram 640 empresas industriais, que empregam 1907 pessoas e agregaram um volume de negócios de 101 milhões de euros. Apesar disso, as exportações têm crescido a uma média anual de 10,6% e atingiram, em 2015, 36,8 milhões de euros.
Para chegar aos 166,4 milhões que o setor exportou no mesmo ano, foi preciso o impulso da relojoaria. Foram vendidos 129,6 milhões de euros ao estrangeiro, um valor que tem crescido a uma taxa média anual de 24,6%. São apenas 13 as empresas a operar no setor dos relógios em Portugal, que no conjunto empregam 535 pessoas.
"A relojoaria vive um momento oposto ao da ourivesaria e isto é histórico: o grande crescimento que se regista no setor é recente e é fruto de termos sabido atrair investimento estrangeiro numa área que prima pela tecnologia fina e exige mão-de-obra qualificada e muito especializada. São empresas onde é feita a montagem de componentes e a reexportação com destino à Suíça e a Hong Kong, que depois vendem para todo o mundo", explica Fátima Santos, secretária-geral da AORP.
As maiores empresas de relojoaria localizam-se no Fundão (CIMD e HGT Portugal), na Maia (Spirel), em Castelo de Paiva (Oropol, de capital suíço) e na Covilhã, onde a Donzé-Baume Portugal fornece uma série de reputadas marcas de luxo, como a Cartier.
A nível de mercado interno de ourivesaria, joalharia e relojoaria, que valia mil milhões de euros em 2012, este está agora avaliado em apenas 700 milhões (2015). Se é no Norte que continua a persistir o maior número de empresas do setor, com 78% da indústria e 45% do total de empresas, também foi aqui que o mercado mais cresceu. Entre 2004 e 2012, o volume de negócios no comércio a retalho cresceu a uma média anual de 8,9% contra uma média nacional de 5,8%.
Apesar da perda de empresas e postos de trabalho, a secretária-geral da AORP garante que "a sangria já estancou" e que o número recorde de expositores (160) na Portojoia é disso prova. "Há alguns indicadores que levam a crer que há um rejuvenescimento do setor, ainda que o negócio seja recente e, por isso, não corresponda a um grande crescimento em valor", adiantou a responsável. "O Centro de Formação Profissional da Indústria de Ourivesaria e Relojoaria (CINDOR) foi um dos que mais dotação financeira recebeu do Estado quando todos os outros viram-na decrescer, o que é revelador em relação à aposta que tem sido feita no setor", acrescentou.
À espera de mais de 10 mil visitantes profissionais na Exponor, a Portojoia, que termina hoje, é também determinante para estabelecer novos contactos comerciais e abrir mercados, como é o caso da América Latina. O principal destino das exportações portuguesas do setor são países europeus.