Exploração de recursos minerais no mar é "incontornável", mas tem de ser sustentável
"A prazo parece-me incontornável que Portugal venha a explorar os recursos minerais, não vivos, energéticos que tem nos seus fundos submarinos", uma orientação identificada na Estratégia Nacional para o Mar como "de grande potencial", e na Europa, na estratégia para o crescimento azul, afirmou à agência Lusa Fausto Brito e Abreu.
O responsável salientou, no entanto, ser fundamental que Portugal assegure "a máxima sustentabilidade, ambiental, por um lado, ao garantir que estas atividades não danificam os ecossistemas marinhos, em especial os mais raros e preciosos", existentes no mar e que "são muitos".
É igualmente necessário, continuou, assegurar que é "sustentável do ponto de vista social e que as riquezas que dai saem trazem prosperidade para a sociedade portuguesa, como um todo, e que essa distribuição de riqueza garante um bem estar coletivo".
Fausto Brito e Abreu falava no final do debate sobre como "Tornar o oceano mais limpo e sustentável, políticas europeias e prioridades nacionais" que decorreu hoje em Lisboa, numa iniciativa que incluiu a inauguração de uma exposição sobre a presença de grandes quantidades de plástico no mar, lixo que afeta o equilíbrio dos ecossistemas.
"Já está claramente diagnosticado que, para fazer face a alguns dos maiores desafios que temos neste planeta como coletivo humano, como é o caso do combate às alterações climáticas, vamos ter de desenvolver tecnologias mais limpas", salientou.
Entre os exemplos apontados estão os carros elétricos, que usam baterias que necessitam de níquel, e a iluminação de 'leds'.
Estas opções "precisam de minerais que hoje se encontram essencialmente nos fundos submarinos ou estamos a extrai-los em minas, muitas delas, nas zonas de florestas tropicais", frisou.
Assim, resumiu o diretor geral, se a intenção é preservar as florestas, serão necessários muitos dos minerais que estão nos fundos submarinos.
"Temos é de garantir que todo o trabalho de décadas de investigação científica sobre os ecossistemas e a forma de os preservar produza um resultado aceitável para podermos explorar da forma mais sustentável", disse ainda.
Questionado acerca da exploração de hidrocarbonetos na costa portuguesa, que tem suscitado críticas dos partidos da oposição e dos ambientalistas, Fausto Brito e Abreu respondeu que "os combustíveis fósseis não são sustentáveis por definição".
"Durante as décadas em que ainda vamos precisar deles, seja como fonte de energia, seja como fonte para vários outros materiais, como cosméticos, ou outras indústrias de valor acrescentado (...) temos de garantir que a extração, se for decidido faze-la, é feita da forma mais sustentável possível", explicou.
Recordou ainda que, entre as várias tecnologias que existem para extrair recursos minerais dos fundos submarinos, "por ventura as dos hidrocarbonetos, que estão a ser usadas há décadas, são aquelas que estão mais maduras e já se conseguem fazer com um nível de segurança mais elevado".