Explicações lotadas com inscrições de última hora
A poucos dias do início dos exames do 12.º ano, a maioria dos centros de explicações estão lotados devido às inscrições de última hora. Os alunos que vão concorrer ao Ensino Superior procuram cada vez mais o apoio de explicadores e ainda chegam inscrições. "Continuam a aparecer alunos", reconhece Sara Amado, directora do Nota 20, em Lisboa.
A partir de terça-feira e até 23 de Junho, 156 860 alunos vão ser postos à prova na primeira fase dos exames nacionais. E se alguns começam a preparar a época desde o início do ano lectivo, a maioria apenas se preocupa na véspera do exame, inscrevendo-se à pressa nas explicações. Uma situação que para a professora Maria Saraiva de Menezes "é uma causa perdida". A autora do livro "30 Conselhos para Educar o Seu Filho" considera que as inscrições em cima da data revelam "a atitude portuguesa da irresponsabilidade de tentar a sorte à última hora".
Os próprios centros de explicações não garantem sucesso de resultados para os alunos que chegam nos últimos dias. "Nunca podemos garantir, mas o ideal é que cheguem no início do ano", aconselha Paulo de Menezes, director pedagógico da Academia Estudo Inteligente, em Lisboa. Aqui, 80 alunos estudam para os exames, em blocos de hora e meia por dia, três dias por semana. A maioria chegou ao longo do terceiro período.
No entanto, a crise afectou o negócio, reflectindo-se numa ligeira quebra da procura. "Houve menos inscrições e sentiu-se a crise", diz Armanda Gomes do Caderno Diário, em Vila Nova de Gaia. Também Mónica Pinto da ExpliAlgarve conta que "há mais dificuldades no pagamento. Os pais atrasam-se alguns dias".
Vários centros acabaram por manter os preços dos anos anteriores, sem os aumentos habituais nesta fase do ano. "Optámos por manter o preço do início do ano devido à crise. Não tivemos quebra na procura porque nos adaptámos às circunstâncias", explica Patrícia Morais do Educa Plenitus, em Coimbra, onde o estudo individual custa 170 por mês.
Na Educa Plenitus a procura aumentou nos últimos dias e neste momento tem 70 alunos a estudar para os exames.
Matemática, Físico-Química, Português e Biologia são as matérias mais procuradas. Em Coimbra, "muitos anularam a disciplina de Matemática para tentar tirar nota 20 no exame", frisa Patrícia Morais, explicadora da disciplina.
Os números de inscritos espelham a confiança dos jovens e pais nas explicações. E os explicadores culpam a escola por não ensinar a estudar em casa. "A maior parte dos alunos não sabem estudar sozinhos e quando têm uma dúvida param", diz Mónica Pinto.
Albino Almeida da Confap (Confederação das Associações de Pais) também aponta o dedo ao sistema de ensino. "A escola ensina todos da mesma maneira e esquece-se que todos aprendem de forma diferente". Por isso, os pais que têm dinheiro têm de se socorrer das explicações para ajudar os filhos a ter boas notas, critica.