Expetativa: sonda Juno está a chegar a Júpiter
Tudo vai depender da precisão da travagem e da manobra de inserção há muito programadas no computador central da Juno, a sonda da NASA que está agora prestes a chegar a Júpiter. Se tudo correr como se espera, a Juno entra na órbita do gigante gasoso do sistema solar no início da próxima madrugada, quando forem 03.18 em Lisboa - a transmissão direta pode ser seguida aqui -, abrindo uma nova janela para o estudo do ainda muito enigmático Júpiter.
Nestas horas derradeiras, antes da chegada, o entusiasmo é muito... e os nervos também.
Júpiter é uma espécie de estrela falhada. Feito essencialmente de hélio e de hidrogénio, tal como as estrelas, o gigante gasoso do sistema solar é um planeta de extremos: tem níveis de radiação extrema, tempestades extremas e campo magnético extremo.
Tudo isto já se sabe, de estudos feitos com telescópios e graças às observações da sonda Galileo, a primeira enviada àquele planeta, no início dos anos 90 do século passado. Missão conjunta da NASA e da ESA, a Galileo revelou ali, há mais de 20 anos, um mundo muito complexo e com uma atmosfera revolta, na qual encontrou concentrações inesperadamente altas de alguns gases nobres, como o árgon, mostrando que Júpiter é mais antigo do que se pensava.
O conhecimento desse passado é precioso para os cientistas. "Se queremos recuar no tempo e compreender donde viemos e como os planetas se formaram, Júpiter é o alvo certo", diz Scott Bolton, o cientista principal da missão Juno.
Se tudo correr bem na próxima madrugada e a Juno chegar a Júpiter sem percalços, durante o próximo ano e meio vai ficar numa órbita polar e fazer um estudo detalhado sobre o planeta. Conta para isso com nove instrumentos, cujas medições vão permitir caracterizar o campo magnético de Júpiter, as suas diferentes camadas atmosféricas e respetivas composições químicas e de partículas.
Um dos mistérios para o qual se espera que a Juno possa dar uma resposta é o do que existe no seu interior: até hoje não se sabe se ele tem, ou não, um núcleo sólido, como acontece com os planetas rochosos do sistema solar. Na sua órbita polar, a sonda terá igualmente uma soberba vista para as espetaculares auroras boreais que são uma das atrações científicas do planeta.
A missão termina em fevereiro de 2018 e para essa altura a NASA tem um programa um final apoteótico: um mergulho da sonda no turbilhão da atmosfera jupiteriana. Isso permitirá a recolha de dados até ao derradeiro minuto, mas, sobretudo, evita-se que a sonda possa cair acidentalmente em alguma das luas de Júpiter, como Io, ou Europa, onde os cientistas pensam que há grandes probabilidades de existir vida microbiana.