Expansão do CCB. 60 a 70 milhões de euros para construção de hotel e galeria comercial
Esta quarta-feira foi, finalmente, oficializada a expansão do Centro Cultural de Belém (CCB), prevista há 25 anos, que contempla um hotel de quatro estrelas ou superior e uma galeria comercial. O concurso público internacional para a expansão do CCB é lançado esta quinta-feira, dia 29 de novembro, anunciou, em conferência de imprensa, o presidente da Fundação CCB, Elísio Summavielle, ladeado pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina.
A Fundação CCB vai ceder os direitos de superfície dos terrenos, designados como módulos 4 e 5, ao vencedor do procedimento público internacional que tem em vista o desenvolvimento de projetos de construção, instalação e exploração de uma unidade hoteleira e uma galeria comercial por um período de 50 anos.
A Fundação irá receber pelo promotor do estabelecimento hoteleiro e do espaço comercial 900 mil euros por ano, no mínimo, durante o período de concessão. "É uma renda fixa anual, é atualizada todos os anos de acordo com a inflação existente, ou não", esclareceu Summavielle.
O presidente da Fundação CCB, Elísio Summavielle prevê que dentro de três anos e meio, quatro anos no máximo, "se tudo correr bem", o hotel e os espaços comerciais vão estar a funcionar. E já há interessados, nacionais e internacionais, para a construção e exploração dos módulos 4 e 5 de expansão do CCB. Interessados que começaram logo a aparecer quando Summavielle anunciou, em 2017, "o sonho de completar o projeto CCB". "Estamos num momento bom, o turismo está em alta e há interessados. Sei que há meia dúzia", pormenorizou.
Uma obra que deverá ter custos a rondar "entre os 60 a 70 milhões de euros", explicou Summavielle, tendo em conta "aos preços atuais do mercado da construção" e o "equipamento sofisticado" que se prevê para o espaço.
O mais expectável para a fundação é que os promotores tenderão a constituir uma "holding". "A não ser que haja um promotor único que tenha o capital necessário para fazer um investimento destes, mas será, penso eu, uma pequena holding", refere Elísio Summavielle.
Para responder às necessidades dos novos equipamentos está também equacionado um parque subterrâneo.
A área total para os módulos 4 e 5 é de 23.500 metros quadrados, mas a área de implantação é de 11.456 metros quadrados. No módulo 5 está previsto um hotel de luxo, de quatro estrelas ou superior, com frente para o rio Tejo, numa área de 16.330 metros quadrados. O módulo 4 contempla escritórios e uma galeria comercial numa área disponível de 7.170 metros quadrados.
O Pedido de Informação Prévia (PIP) para a construção destes equipamentos já foi submetido e aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa. "Este é um dia especial para a cidade de Lisboa, porque 25 anos depois dá-se início à conclusão do projeto inicial do CCB. Vamos proceder à requalificação desta zona da cidade, que estava há mais de duas décadas abandonada e sem uso", congratula-se Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
O CCB abriu as portas ao público em 1993 e foi desenhado, em 1989, pelos arquitetos Vittorio Gregotti e Manuel Salgado (atual vereador do urbanismo em Lisboa). Um projeto que entra agora na sua fase de conclusão com o lançamento do concurso público internacional para o CCB New Development, um empreendimento referente aos módulos 4 e 5, cuja construção vai respeitar a linha arquitetónica inicial. "O vencedor terá liberdade para a arquitetura de interiores que optar".
"Em 38 anos de serviço público ininterruptos este é um dos momentos mais gratos que eu guardo comigo. É um ponto de chegada que é também um ponto de partida para esta fundação CCB", sublinhou o presidente da Fundação CCB, o ex-secretário de Estado da Cultura Elísio Summavielle.
Com este contrato de concessão de direito de superfície por um período de 50 anos, a Fundação CCB vai reforçar a sua capacidade financeira. Para a construção, instalação e exploração da unidade hoteleira e galeria comercial, o promotor ou promotores que vencerem o concurso público internacional vão pagar à Fundação CCB uma renda anual mínima de 900 mil euros.
"Tudo o que venha a mais é ganho. A fasquia irá subir certamente. Há um valor inicial de enquanto decorre a obra [300 mil euros], mas a partir do momento da exploração plena, os 900 mil euros serão certamente ultrapassados. É um contributo muito importante para a fundação", reconhece Summavielle.
O CCB recebe uma subvenção anual do Estado, através do Ministério da Cultura, de 7 milhões de euros, mas para funcionar o orçamento é de cerca de 8,5 milhões. "O rendimento destes terrenos, a subcessão do direito de superfície irá permitir à fundação uma maior sustentabilidade futura e irá permitir-nos uma maior ambição na internacionalização cultural".
Considera fundamental que os novos equipamentos "sejam potenciados ao máximo" e rejeita o rótulo de "Centro Comercial de Belém". "É uma cidade aberta e tem todas essas componentes, mas é um centro cultural único no país nos seus equipamentos, nos seus auditórios, no seu centro de exposições que é único no país", afirma.
Defende que é preciso dar uma "centralidade" à zona de Belém e considera que a expansão do CCB vai ser fundamental. "A partir das seis da tarde, com exceção de um ou dois concertos que há aqui à noite, isto é um deserto e, portanto, não faz sentido termos um centro sobrecarregado de pessoas e depois uma parte monumental onde não há vida. E o hotel vai também trazer gente, assim como o comércio, fazer um upgrade nos públicos, na internacionalização, na utilização do centro de congressos. Um hotel com 155 quartos não existe aqui e, portanto, é uma centralidade e a cultura também se desenvolve com estes negócios".
Para a ministra da Cultura, Graça Fonseca, este é um projeto é ainda mais atual do que há 25 anos. E destaca a importância da conclusão destes equipamentos. "No ponto de vista de política pública de cultura, este cruzamento da economia e a cultura para nós é absolutamente decisivo. Tenho dito várias vezes que precisamos de olhar para a política pública de cultura de forma transversal e de uma forma intersetorial. A cultura é extremamente importante para a economia, para o desenvolvimento de um país. Da mesma maneira que o crescimento económico de um país e de uma cidade é extraordinariamente importante para o desenvolvimento da cultura", justifica.
Atualizado às 16:59