Êxodo do Twitter começa após ultimato "hardcore" de Elon Musk
Ao ultimato do novo proprietário do Twitter, Elon Musk, que exigiu que os funcionários escolhessem entre ser "extremamente hardcore" e trabalhar intensamente durante longas horas ou perder o emprego, tem-se seguido um autêntico êxodo de funcionários da empresa.
"Posso ser #excepcional, mas caramba, simplesmente não sou #hardcore", tweetou ex-funcionária, Andrea Horst.
Musk, também CEO da Tesla e da SpaceX, foi criticado por promover mudanças radicais na empresa de redes sociais, que comprou por 44 mil milhões de dólares (cerca de 43,6 mil milhões de euros) no final do mês passado.
O empresário já havia demitido metade dos 7500 funcionários da empresa, descartado uma política de trabalho em casa e imposto longas jornadas de trabalho. Paralelamente, Musk tentou renovar a verificação de utilizador através de um controverso serviço de assinatura, o que levou os principais anunciantes a afastarem-se da plataforma.
A administração do Twitter disse esta quinta-feira aos funcionários que os escritórios iam estar temporariamente fechados e inacessíveis. Numa mensagem vista pela BBC, os trabalhadores foram informados de que os escritórios reabririam na segunda-feira, 21 de novembro.
"Por favor, continue a cumprir a política da empresa, abstendo-se de discutir informações confidenciais da empresa nas redes sociais, com a imprensa ou noutro lugar", referia a mensagem.
Um ex-funcionário do Twitter disse à BBC que, provavelmente, "quando a poeira assentar", o Twitter terá menos 2000 funcionários.
No ultimato, um memorando interno enviado na quarta-feira e visto pela AFP, Musk referiu que "para construir um Twitter 2.0 inovador e ter sucesso num mundo cada vez mais competitivo, precisaremos de ser extremamente hardcore".
"Isso significará trabalhar longas horas em alta intensidade. Somente um desempenho excecional constituirá uma nota de aprovação", acrescentou.
Musk solicitou aos funcionários para seguirem um link para afirmar seu compromisso com "o novo Twitter" até às 17 horas desta quinta-feira (hora de Nova Iorque). Caso contrário, esses funcionários perderiam os empregos, recebendo três meses de indemnização, um método pouco comum até mesmo nos Estados Unidos, onde as leis laborais protegem menos os funcionários do que em muitos outros países desenvolvidos.
O Twitter não respondeu aos pedidos da AFP para comentar a medida.
"Sem palavras, apenas grata por dizer que consegui o emprego dos meus sonhos e fazer mais do que jamais pensei ser possível. Tem sido uma jornada louca", tweetou Deanna Hines-Glasgow, uma das principais gerentes de contas de clientes no Twitter.
Esther Crawford, diretora de desenvolvimento de produtos da plataforma e uma das poucas gerentes que não foram demitidas, que não pediram demissão e que ainda apoiam publicamente o novo líder, agradeceu aos colegas de equipa por terem sido "incríveis nos altos e baixos" da empresa.