Exercício teria evitado 50 mil doentes cardíacos

Coordenador das doenças cardiovasculares diz que o desporto poderia ter impedido 20% dos problemas do coração nos portugueses. Isto, depois de um estudo apresentado por investigador alemão.
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A prática moderada, mas regular de caminhada teria sido suficiente para evitar que 50 mil portugueses tivessem tido doenças cardíacas. A estimativa é feita pelo coordenador para as doenças cardiovasculares, Rui Ferreira, e surge na sequência de um estudo apresentado por Rainer Hambrecht, um investigador alemão, no congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia que decorreu em Espanha.

Segundo este especialista, com exercício físico 30% da população pode escapar às doenças cardiovasculares, incluindo AVC (acidentes vasculares cerebrais). Estudos epidemiológicos estimam que, realizando meia hora de caminhada durante cinco dias, seriam evitadas 284 886 mortes anuais nos EUA.

Em Portugal, "250 mil pessoas terão doenças cardiovasculares, número que se estima através das 25 mil mortes/ano", diz o Rui Ferreira, calculando que em Portugal o impacto do exercício seria em 20% da população e não em 30% por não haver tanta obesidade. Ou seja, 50 mil casos daqueles doenças podiam ter sido evitadas.

António Palmeira, especialista em educação física e desporto, garante que os ganhos são significativos. Mas alerta: "não basta praticar exercício se depois se fuma ou se come mal. Tem de haver um cluster, ou seja, um conjunto de comportamentos saudáveis".

Isabel do Carmo, endocrinologista do Hospital de Santa Maria, lembra que "o exercício ajuda a reduzir a glicemia, os triglicéridos, o colesterol mau e a hipertensão, ajudando ainda a aumentar o bom colesterol (HDL) e a prevenir a aterosclerose.

Ao mesmo tempo, refere a médica "o exercício ajuda a regular o funcionamento dos intestinos e a prevenir a obesidade".

Manuel João Coelho da Silva, professor da Faculdade de Ciências do Desporto em Coimbra admite que há várias correntes quanto ao tipo e tempo de exercício físico a fazer. "Há quem defenda a realização de cerca de dez mil passos por dia, o equivalente a seis quilómetros por dia", avança.

Apesar de tudo, explica, o mínimo considerado pelos especialistas para prevenir as doenças cardiovasculares tem vindo a tornar-se mais exigente. "Há quem fale em 60 minutos de actividade física moderada e rigorosa, que permita despender 4,8 vezes acima do que se gasta a dormir", diz Coelho da Silva.

Exemplos são andar de bicicleta ou lavar o carro. Há ainda especialistas que defendem a passagem de 60 para 90 minutos diários de exercício para se obter resultados.

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