Ex-presidente da Gaianima considera a auditoria externa "fraudulenta"
Perante o coletivo de juízes do Tribunal de Vila Nova de Gaia, Ricardo Almeida, coarguido no processo Gaianima, referiu que a auditoria foi "fraudulenta" porque foi feita por três pessoas ligadas ao PS em "conluio" com outras do PSD que não queriam que ele apoiasse a candidatura de Luís Menezes à Câmara Municipal do Porto.
A Gaianima, que geria eventos ligados à animação e equipamentos desportivos, foi extinta em 2015, já com a Câmara sob a liderança de Eduardo Vítor Rodrigues, depois de uma auditoria externa revelar um passivo de 14 milhões de euros e casos de violação da lei dos compromissos e de desrespeito pelas regras de contratação pública.
Neste processo, o Ministério Público acusa os arguidos Ricardo Almeida e Angelino Ferreira e João Vieira Pinto (ex-administradores da Gaianima) por um crime de abuso de poder e um crime de infidelidade.
Ricardo Almeida e Angelino Ferreira estão ainda acusados, respetivamente, de dois e três crimes de peculato de uso, sendo que os crimes terão sido cometidos em 2011, 2012 e 2013 até à dissolução/liquidação daquela empresa.
"É estranho só estarmos cá nós os três como arguidos, não estando aqui quem nos seguiu", afirmou Ricardo Almeida.
Além disso, o arguido criticou ainda "nunca" ter sido ouvido pela Polícia Judiciária (PJ), nem pela Inspeção-Geral das Finanças.
O arguido explicou que, na altura, se encontrava "convicto" de que não estava a violar a lei dos compromissos porque tinha a expectativa de que a câmara ia repor o dinheiro devido, tendo por isso avançado com adjudicações.
"A câmara em 2008 e 2009 transferiu dinheiro para a Gaianima pagar as dívidas, portanto, estava na expectativa de que em 2011, 2012 e 2013 fizesse o mesmo", frisou.
Já sobre as despesas realizadas acima dos 25 mil euros pela Gaianima, Ricardo Almeida adiantou que o presidente da câmara, Luís Filipe Menezes, tinha sempre conhecimento destas, sublinhando que alguns eventos eram mesmo realizados a seu pedido.
"Nunca tive intenção de prejudicar ninguém, nem o erário público", frisou.
O ex-presidente da administração realçou ainda que quando assumiu funções os problemas da empresa municipal eram "brutais", tendo reduzido a dívida de 36 milhões para 16 milhões.