Ex-bispo de Orleães condenado por omitir abusos sexuais
O tribunal criminal de Orleães condenou o padre Pierre de Castelet a dois anos e meio de prisão efetiva.
A decisão relativa a André Fort foi mais suave do que a exigida pelo Ministério Público que pedia uma pena efetiva de um ano.
No caso do padre Pierre de Castelet, a punição de três anos - dos quais seis meses isentos de cumprimento - coincide com o que era exigido pelo Ministério Público.
Fort, que tem agora 83 anos e que liderou a diocese de Orleães entre 2002 e 2010, não compareceu em tribunal por problemas de saúde, uma ausência criticada pelo procurador.
O ex-bispo foi condenado por não ter relatado os abusos perpetrados por Pierre de Castelet, considerado culpado de ter abusado sexualmente de várias crianças entre 11 e 13 anos, num acampamento de verão em 1993.
Este foi o segundo bispo julgado em França por este tipo de crime, depois de Pierre Pican, da diocese de Bayeux, ter sido condenado, em 2001, a três meses de prisão isenta de cumprimento.
Pierre de Castelet, que admitiu os factos depois de ser acusado, em 2012, reconheceu, na audiência, ter usado truques para "chegar perto de crianças".
Seis homens -- agora com cerca de 30 anos - asseguraram aos investigadores terem sido atacados pelo padre durante um acampamento, no verão de 1993, mas apenas três deles constituíram uma acusação particular.
O bispo de Orleães foi informado dos ataques, assim como os seus dois sucessores no cargo.
André Fort prometeu enviar o padre para um exame psicológico e afastá-lo dos jovens adolescentes, mas, um ano depois, uma das vítimas descobriu que o seu agressor tinha participado numa conferência da diocese sobre pedofilia na Igreja.
A vítima enviou outra carta ao sucessor do bispo André Fort, Jacques Blaquart, que decidiu enviar o caso para o Ministério Público, tendo Pierre de Castelet sido acusado em 2012 e André Fort em 2017.
Olivier Savignac, uma das vítimas, disse estar "satisfeito" com o julgamento.
"Fomos ouvidos, estou feliz com o meu país", disse.
"Esta decisão mostra que as vítimas vão agora ser ouvidas. Todos temos a obrigação legal de relatar factos semelhantes", disse o advogado das três vítimas.