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Transversalidade, expansão, procura de novos públicos. São estas as principais tábuas da 28ª edição do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), que se inicia hoje com a apresentação de Berenice, de Jean Racine, no Teatro São João, e decorre até 12 de Junho, com um total de 16 espectáculos (24 representações) distribuídos por uma dezena de espaços da cidade.

Para o novo director do Festival, Mário Moutinho, procurou-se manter as principais características do certame, "não há aqui uma ruptura na programação", mas a assinatura do responsável é visível na aposta em novas experiências e na busca de diálogo entre as diversas artes de palco. Haverá dança, música, performance e marionetas cruzadas com a representação mais convencional. Outro dos traços distintivos deste ano será a descentralização do FITEI, que terá presença ubíqua nas principais salas da cidade, mas também em recintos mais pequenos, como o Teatro do Bolhão ou o Teatro Latino. Além disso, transbordará para outros locais, como o Museu de Serralves, onde incluirá a peça En Punto, do Teatro Bruto espanhol, na programação de "Serralves em Festa", iniciativa que se realiza já no próximo fim-de-semana. Outro local atípico a participar no FITEI será a estação de Metro do Campo 24 de Agosto, onde terá lugar a exposição "Máquinas de Cena", da responsabilidade do grupo O Bando.

Mário Moutinho justifica as opções com a necessidade de captar mais público, mas também para dar resposta à procura diferenciada de espectáculos. "Há diversos públicos no Porto. Poderá falar-se de um núcleo principal que vai a todas, mas depois há segmentos específicos para as marionetas ou o Novo Circo". Uma das grandes surpresas em cartaz, e aposta pessoalíssima do director, será a actuação do grupo japonês Hachioji Kuruma Ningyo, no dia 2 de Junho, no Teatro Rivoli. Japoneses num contexto Ibérico? Nada a estranhar, uma vez que "falamos da tradição nipónica do teatro de marionetas, que pode contar inúmeras histórias sem o recurso à palavra."

Entre as preferências do director, conta-se ainda Kaleida, da Companhia de Dansa Búbulos. Catalães que promovem o encontro entre a dança e as novas tecnologias. A conferir no dia 4 de Junho, no Rivoli. Também de Espanha, o Teatro Bruto da Galiza, com o já referido En Punto, que segundo Mário Moutinho é espectáculo que "rompe com toda a tradição do teatro galego". Música e Canções de Cena é a peça encomendada pelo festival a João Lóio, que apresenta aqui um périplo pelas suas criações musicais para teatro (dia 7 de Junho, no Rivoli). Também recomendado, o espectáculo Ruínas, com encenação de João Garcia Miguel, subirá ao palco do São João nos dias 1 e 2 de Junho. O seu ponto de partida é o filme O Anjo Exterminador, de Luís Buñuel. Destaque ainda para 12 Mulheres e 1 Cadela, pelo Teatro da Trindade, com encenação de São José Lapa e texto de Inês Pedrosa (10 e 11 de Junho, Teatro Campo Alegre); América, de Biljana Srbljanovic, com encenação de Manuel Wiborg (8 de Junho, Campo Alegre); Dali, de Fátima Faria, encenação de Luísa Pinto (6 de Junho, Rivoli); e As regras da arte de bem viver na sociedade moderna, de Jean-Luc Lagarce, pelos Artistas Unidos (10 de Junho, Rivoli).

Assinale-se, por fim, o regresso do Grupo Galpão, de Belo Horizonte, no Brasil. A proposta será O Inspector Geral, do escritor russo Nicolai Gógol, com apresentações dias 11 e 12 de Junho, no Rivoli. Na programação paralela haverá uma homenagem a Sophia e a projecção de um filme de Jorge Silva Melo.

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