Evan McMullin: o outsider do Utah que fala português
Na sombra de Hillary Clinton, Donald Trump e dos seus gigantes comités de campanha democrata e republicano, candidatam-se às eleições dos EUA uns quantos outsiders. O mais outsider de todos é Evan McMullin, o jovem de 40 anos que concorre em 11 estados mas que só tem hipóteses de vitória no Utah, onde 60% da população é mórmon, como ele. E foi na condição de missionário da sua igreja que McMullin se tornou no único dos candidatos às eleições de 8 de novembro a dominar a língua portuguesa.
Entre 1995 e 1997, ainda antes de trabalhar como agente secreto da CIA, nos gabinetes de chefia do Goldman Sachs ou nos bastidores da Câmara dos Deputados, o republicano que se define como "anti-Trump" foi missionário no Brasil. Circulou em cidades do estado mais a sul do país, o Rio Grande do Sul, como a capital Porto Alegre mas também Belém Novo, Santa Maria, Alegrete e Pelotas. "Sei, de facto, falar português, é um belo idioma", disse o candidato que está entalado entre Trump, líder por pouco, e Clinton, terceira classificada também por pouco, nas sondagens do Utah, ao programa do radialista Hugh Hewitt. O dado - falar português - também é normalmente referido em secções de curiosidades do tipo "cinco coisas que não sabe dos candidatos" na imprensa americana.
O jornal brasileiro O Estado de S. Paulo foi a Salt Lake City falar com McMullin após um comício e só ouviu elogios ao povo. "Os brasileiros são incríveis, afetuosos, camaradas e abertos, eu adorei o período da minha vida em que vivi no Brasil", contou o candidato. Fã de feijoada, prato típico de norte a sul do país, lamentou não conhecer o chimarrão (ou mate na Argentina e no Uruguai), a bebida típica dos gaúchos, como são denominados os naturais do Rio Grande do Sul. A religião mórmon, revelou, não permite consumir alcool, café, tabaco e chás, como o chimarrão.
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McMullin, que considera os candidatos dos dois grandes partidos "corruptos que colocam os seus interesses à frente dos do país", tem hipóteses muito remotas de se tornar presidente, caso, em primeiro lugar, vença no Utah, depois Trump e Hillary não cheguem aos 270 votos necessários para chegar à Casa Branca no colégio eleitoral e, finalmente, a Câmara dos Representantes, maioritariamente republicana mas não necessariamente favorável a Trump, seja chamada a decidir qual dos três assume a faixa.
São Paulo