Morrer sem dor nem piedade

Um movimento cívico e uma petição subscrita por milhares de portugueses colocaram a morte assistida na agenda. Se terá consequências legislativas ninguém sabe. Mas já conseguiu abrir o debate sobre um tema tabu. Estas são as histórias de quem defende esta causa porque a vida a colocou diante de experiências dramáticas.
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No dia em que o oncologista lhe pediu para definir a intensidade da sua dor numa escala de zero a dez, o sargento mor da Marinha perguntou se não havia onze. Foi em 2013, onze anos depois do diagnóstico de cancro nos ossos. Não aguentava mais, já tinha suplicado que lhe antecipassem a morte. E quando o médico lhe disse que teria de racionar o medicamento para a dor, por motivos clínicos, perdeu a calma, levantou-se da cadeira e apontou à cabeça o revólver que tinha levado para a consulta, em pleno hospital, garantindo que premia o gatilho se não lhe aliviassem aquele sofrimento atroz. «Foi um choque», conta a filha, Ana Figueiredo. E um aviso. O primeiro e único.

Joaquim Guedes Figueiredo, militar condecorado com a Cruz de Guerra pela bravura com que combateu na Guiné-Bissau, tinha agora pela frente um inimigo indestrutível. Que ganhava terreno, lentamente, apoderando-se do seu corpo, corroendo-lhe as entranhas. E os tratamentos pareciam estar do lado do adversário, roubando-lhe as defesas, a energia, a vontade de viver. As dores, essas, aumentavam a cada dia.

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