Europeus à conquista do turismo espacial
As portas do espaço abriram-se ao homem em 1961, quando o cosmonauta soviético Iuri Gagarin realizou o primeiro voo orbital. Oito anos mais tarde, o norte-americano Neil Armstrong dava, na Lua, "um salto gigante para a humanidade". Em 2001, o multimilionário nova-iorquino Dennis Tito tornou-se, com o auxílio dos russos, no primeiro de cinco turistas espaciais, depois de pagar 20 milhões de dólares. EUA e Rússia têm dominado a "última fronteira", mas chegou agora a vez de os europeus darem um salto em diante.
Um grupo franco-alemão prepara-se para revelar os seus planos para um vaivém "made in Europa", no salão de aeronáutica que começa amanhã em Paris. A Virgin Galactic, empresa que promete democratizar as viagens espaciais, foi criada pelo britânico Richard Branson, mas recorre a tecnologia norte-americana. Cem pessoas, incluindo um português, estão à espera da viagem inaugural, prevista para 2009.
Além de ser proprietária da Airbus, a EADS Astrium é a maior construtora europeia de satélites e foguetões. Segundo o jornal britânico The Times prepara-se para revelar os planos da nave que levará os turistas numa viagem, a 4828 quilómetros por hora, para lá da atmosfera terrestre, para experimentar a ausência de gravidade durante seis minutos. Tudo pela módica quantia de cem mil libras (cerca de 150 mil euros).
Uma viagem que será apenas o primeiro passo de um projecto que incluirá, no futuro, hotéis na órbita da Terra - para os quais será necessário o desenvolvimento de outro tipo de veículo espacial. A empresa foi a primeira a sugerir o uso comercial da Estação Espacial Internacional, após a sua instalação, em 2001.
Há sete anos que a empresa desenvolve um projecto com a Phoenix, uma nave espacial reutilizável. O protótipo mede sete metros de comprimento e tem uma envergadura de asas de 3,6 metros, sendo seis vezes mais pequeno do que o futuro vaivém. Pesa menos de uma tonelada, graças à estrutura feita de alumínio, revela o The Times.
O presidente do conselho de administração da EADS Astrium, François Auque, tinha pedido na semana passada mais ambição aos europeus. "A Europa deve pôr em prática uma política ambiciosa de exploração espacial com o objectivo de colocar um homem no espaço, senão isso significa que se resigna a jogar na divisão de honra", lembrando que os europeus têm foguetões facilmente adaptados aos voos humanos, como o Ariane 5. |