Os países europeus estavam ontem a pressionar Minsk e Moscovo para que não criem uma crise energética na UE. A quatro dias do fim do ultimato feito à Bielorrússia pelo monopólio estatal russo do gás natural, Gazprom, continua o impasse sobre o custo daquela matéria-prima..A Gazprom quer aumentar os preços do gás natural de 46 dólares para 200 dólares, por mil metros cúbicos, mas o Governo bielorrusso recusa pagar a factura, sob ameaça de ver cortado o abastecimento. Se a Gazprom parar os fornecimentos, Minsk promete cortar a passagem do gás russo pelo seu território. A medida poderia afectar um quinto do abastecimento da Europa Ocidental..Polónia e Alemanha são os países potencialmente mais afectados pelo braço-de-ferro entre russos e bielorrussos. Varsóvia recebe 40% do seu gás natural através de gasodutos que atravessam território controlado por Minsk..A chanceler alemã, Angela Merkel, repetiu um apelo para que a Europa repense a sua política. Num texto que será publicado no diário Handelsblatt, e divulgado ontem, a chefe do Governo refere que as reservas de petróleo e gás natural estarão "concentradas num pequeno número de países" e os europeus devem "reduzir a sua dependência e garantir o abastecimento a longo prazo", nomeadamente "falando a uma só voz nas relações internacionais ligadas à energia"..A Ucrânia, que se viu envolvida numa situação semelhante, há um ano, já garantiu que poderá aumentar o volume de gás natural russo que passa pelos seus gasodutos (80% do abastecimento da Europa Ocidental). Isto, apesar de, nos primeiros dias de Janeiro, após ultimato a que Kiev recusou obedecer, a Gazprom lhe ter cortado o abastecimento. Na altura, vários países sofreram quebras no fornecimento de energia..A garantia dada pelos ucranianos ilustra o isolamento da Bielorrússia. O regime ditatorial de Alexander Lukachenko era, até agora, aliado de Moscovo e rejeitado em todas as capitais europeias. Segundo cálculos do jornal russo Izvestia, o preço subsidiado (46 dólares em vez dos 230 dólares cobrados no mercado internacional) representa um subsídio da Rússia de cinco mil milhões de dólares anuais, ou um quarto do PIB do país. O Izvestia tem como maior accionista a Gazprom e o cálculo é superior ao do Banco Mundial, que estima o subsídio em mil milhões de dólares anuais, ou 10% do orçamento.