Euro em alta está a travar crescimento da UE

Publicado a
Atualizado a

A valorização do euro - ou melhor, a fragilidade do dólar devido ao problema do défice gémeo dos EUA - está a esmagar as exportações europeias, 'obrigando' a rever em baixa do crescimento da economia. De acordo com as projecções da Comissão Europeia, ontem divulgadas pelo Eurostat, o produto interno bruto (PIB) dos Doze cresceu apenas 0,2% no último trimestre de 2004 (ver quadros) e deverá expandir-se entre 0,2% e 0,6% no primeiro e segundo trimestres de 2005, menos 0,1 pontos que a projecção anterior.

Com a concorrência dos gigantes da Ásia, designadamente a China, os exportadores europeus acabam por ser esmagados, não conseguindo colocar os seus produtos, o que fragiliza a retoma europeia. E que, inevitavelmente, irá reflectir-se na economia portuguesa, alertam empresários e economistas.

Sempre presente, até nos cenários mais optimistas, a China é já a 'ameaça' que os empresários têm em linha de conta na hora de decidir. Para o bem e para o mal.

Por isso, a associação dos industriais de calçado - APICAPS - decidiu investir no gigante asiático. Já este ano, em Abril e em Setembro, alguns dos seus associados estarão presentes nas feiras de Xangai e de Guangdong.

"A China é um concorrente de peso, mas 5% dos chineses têm um poder de compra elevado, o que significa 65 milhões de habitantes. São pessoas com gostos ocidentais - europeu ou americano - que procuram produtos ocidentais de qualidade", diz ao DN Paulo Gonçalves, presidente da APICCAPS, referindo a promoção nos mercados externos (como a Rússia) e a inovação (nomeadamente o lançamento de componentes ecológicos e anti-bacterianos que distingam o produto) como as principais apostas do sector.

Para Paulo Nunes de Almeida, presidente da associação dos têxteis e vestuário (ATP), "o que se verifica é que a economia alemã não recupera e acaba por influenciar negativamente todas as economias da zona euro". Por outro lado, diz, "o euro forte retira competitividade às empresas, reduzindo níveis de produção, prejudicando a sua performance". E a 'entrada' da China no comércio internacional introduziu alterações profundas. "Há um novo player no mercado mundial - a China - que, por agora, retira às empresas europeias a facilidade de competir. No sector têxtil, por exemplo, impõe uma concorrência fortíssima. Mas elas podem, no futuro, aproveitar o crescimento da própria China, que é um mercado apetecível. Ou seja, é fundamental que as exportações cresçam, mas isso só se faz com a internacionalização", conclui.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt