EUA planeiam aliança militar pela liberdade de navegação no Golfo Pérsico
Os Estados Unidos planeiam comandar uma coligação militar para vigiar e controlar o Estreito de Ormuz com navios de comando e enquanto os aliados iriam escoltar navios comerciais com as bandeiras dos seus países, revelou o general Joseph Dunford.
Dunford, que é o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, revelou o plano em conferência de imprensa após reuniões com o secretário de Defesa Mark Esper e o secretário de Estado Mike Pompeo. "Estamos em contacto com vários países para ver se podemos formar uma coligação que garanta a liberdade de navegação no Estreito de Ormuz e no Bab al-Mandab", disse Dunford.
"Por isso, penso que, nas próximas semanas, vamos identificar quais as nações que têm vontade política para apoiar essa iniciativa e depois vamos trabalhar diretamente com as forças armadas para identificar as capacidades específicas para apoiar essa iniciativa".
Por várias vezes o Irão ameaçou fechar o Estreito de Ormuz, através do qual passa quase um quinto do petróleo mundial, se não conseguir exportar o seu petróleo. No ano passado, o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a estabelecer sanções anteriores ao acordo nuclear de 2015, o que teve como consequência uma queda acentuada na capacidade de exportar as suas matérias-primas.
A proposta norte-americana de uma coligação internacional para proteger o transporte marítimo no Estreito de Ormuz tem vindo a ganhar força desde os ataques de maio e junho contra petroleiros nas águas do Golfo. No mês passado, o Irão abateu um drone norte-americano perto do Estreito. A novidade é o plano para reforçar a segurança ao largo do Iémen, no Bab al-Mandab, que liga o Mar Vermelho ao Golfo de Áden e ao Mar Arábico. Além de outras mercadorias, quase quatro milhões de barris de petróleo são transportados diariamente através do Bab al-Mandab para a Europa, Estados Unidos e Ásia. No Iémen, os houthis, aliados de Teerão, estão em guerra aberta com a Arábia Saudita.
Um dos mais importantes aliados dos EUA, o Japão, foi o primeiro a reagir à proposta norte-americana, mas não deu sinais de vai juntar-se à coligação. "Estamos bastante preocupados com o aumento das tensões no Médio Oriente, e garantir uma passagem segura no Estreito de Ormuz é vital para a segurança energética da nossa nação, bem como para a paz e prosperidade da sociedade internacional", disse o secretário-geral adjunto do governo, Kotaro Nogami, em conferência de imprensa.
Ao mesmo tempo que intensifica a política de máxima pressão, Washington sinaliza que quer assinar um novo acordo com o Irão e que desta vez seja ratificado pelo Congresso. As afirmações são do representante especial dos EUA para o Irão, Brian Hook, à Al Jazeera. Hook recorda que os EUA podem impor ainda mais sanções.
Uma reunião de emergência da Agência Internacional de Energia Atómica, a decorrer nesta quarta-feira, vai ser também outro foco de pressão sobre o Irão, desta feita sobre as violações do acordo nuclear. No entanto, não se espera qualquer tomada de ação concreta por parte daquele órgão das Nações Unidas.