EUA culpam Irão pelo ataque com drones a petrolíferas sauditas

Produção da empresa estatal da Arábia Saudita foi reduzida a metade após os incêndios provocados pelos dois ataques de sábado. Teerão diz que acusação é "incompreensível e sem sentido".
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O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, culpa o Irão pelos ataques de drones às instalações petrolíferas sauditas que provocaram grandes danos e levaram à redução para metade da produção de petróleo na Arábia Saudita, o que pode mexer com os preços de mercado.

Pompeo não deu credibilidade à reivindicação dos rebeldes hutis do Iémen (que são apoiados pelo Irão) de que eram os responsáveis pelos ataques com drones às duas instalações administradas pela empresa estatal Aramco. O responsável da administração Trump diz que não há provas que o ataque tenha origem no Iémen e classificou o incidente como mais um, entre cerca de 100 já concretizados e levados a cabo pelo Irão para prejudicar a produção petrolífera.

"Pedimos a todas as nações que condenem publicamente e forma inequívoca os ataques do Irão. Os Estados Unidos trabalharão com os nossos parceiros e aliados para garantir que o mercado de energia permanece bem abastecido e o Irão seja responsabilizado pela sua agressão", escreveu Pompeo no Twitter

A Casa Branca disse que Donald Trump ofereceu o apoio dos EUA para ajudar a Arábia Saudita a se defender. Não foram fornecidos elementos que provem as acusações americanas. Os americanos acusaram já o Irão de ser o responsável pelos ataques a dois navios petroleiros no Golfo, em junho e julho, bem como a outros quatro em maio. Teerão rejeitou as acusações em ambos os casos.

E neste caso saudita, o Irão reagiu da mesma forma e disse que as acusações são "cegas, incompreensíveis e sem sentido".

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Abbas Mousavi, abordou a questão em comunicado: "Tais acusações e comentários cegos são incompreensíveis e sem sentido". Disse ainda que os EUA adotaram uma política de "pressão máxima" sobre o Irão, que leva a "mentiras máximas". Mousavi disse que a Arábia Saudita "violou repetidamente o Iémen" e que "os iemenitas mostraram resistência à agressão", suportando a tese de que forma os hutis a fazer o ataque.

Os hutis, apoiados politicamente pelo Irão, grande rival regional da Arábia Saudita, reivindicam regularmente lançamentos de mísseis com drones contra alvos sauditas e afirmam que agem como represália contra os ataques aéreos da coligação militar liderada pela Arábia Saudita, que intervém no Iémen em guerra desde 2015.

O The Wall Street Journal escreve que especialistas estão a investigar se os ataques poderiam ter sido realizados a partir do norte - pelo Irão ou pelos seus aliados xiitas no Iraque - usando mísseis de cruzeiro em vez de drones. Nesse caso, parece improvável que escapassem à deteção.

Os ataques provocaram um grande incêndio em Abqaiq, local da maior fábrica de processamento de petróleo da Aramco, enquanto um segundo drone iniciou fogos no campo de petróleo de Khurais. Os responsáveis sauditas confirmam que houve danos vultuosos sem que se registassem vítimas.

O ministro da Energia da Arábia Saudita informou que os ataques reduziram a produção de petróleo em 5,7 milhões de barris por dia - cerca de metade da produção do reino. Analistas dizem que a redução pode ter um impacto significativo nos preços mundiais do petróleo.

Entretanto, o Departamento de Energia norte-americano disse que o país está preparado para recorrer aos recursos das Reservas Estratégicas de Petróleo para compensar quaisquer interrupções no mercado do petróleo por causa do ataque com drones na Arábia Saudita.

Em comunicado, o departamento adiantou que o secretário de Energia, Rick Perry, também deu orientações para se trabalhar com a Agência Internacional de Energia (AIE) para avaliar possíveis opções para uma ação global coletiva se for necessário.

Os 30 Estados-membros da AIE procuram agora responder a possíveis interrupções no fornecimento de petróleo e defendem uma política energética.

As reservas estratégicas dos Estados Unidos têm 630 milhões de barris.

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