ETA tenta de novo matar o Rei

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A organização separatista basca ETA tentou assassinar o Rei Juan Carlos de Espanha na Primavera de 2004, enquanto este passava férias em Palma de Maiorca. A informação foi ontem divulgada pelos jornais El Mundo e La Razon, que se basearam em fontes da Guarda Civil e polícia antiterrorista.

A missão foi entregue ao jovem activista Javier Pérez Aldunate. Este devia cometer o crime com uma espingarda de mira telescópica, mas a tentativa acabou por fracassar, uma vez que a arma não chegou a tempo ao seu destino.

Em Março de 2004, a liderança da ETA ordenou a Aldunate que viajasse até Maiorca e preparasse o atentado. Não se conhecem as datas exactas em que ocorreram os acontecimentos, sabendo-se apenas que foi entre 9 e 11 de Abril, quando o monarca assistia às eliminatórias da Taça Davis (ténis).

Pérez Aldunate foi detido sexta-feira em Basauri, no País Basco, acabando por confessar o seu envolvimento na tentativa de assassínio do monarca. O presumível membro da ETA, de 31 anos, já havia sido detido em 1997, devido às suas actividades de apoio à organização separatista basca.

Preparação. O treino de Pérez Aldunate começou algum tempo antes dos acontecimentos de Palma de Maiorca. Em França, o activista recebeu uma intensa preparação como atirador, de forma a poder realizar acções solitárias. Segundo o El Mundo e o La Razon, o etarra não tinha qualquer apoio na ilha e hospedou-se num hotel.

Os cabecilhas da operação comunicaram-lhe então que a arma com que iria cometer o atentado lhe seria entregue por um "correio". Até lá, Pérez Aldunate devia reconhecer o local, frequentar os mesmos sítios que a família real e escolher o mais adequado para cometer o crime. Mas a arma não chegou às mãos do activista da ETA.

Terminada a Semana Santa, Aldunate regressou a França, onde se escondeu durante vários meses num apartamento da organização basca. Mais tarde, foi enviado a Biscaia, onde planeou acções contra políticos e membros das forças de segurança.

Durante esse tempo, o activista da ETA recolheu informação sobre o presidente do Partido Popular (PP) de Biscaia, Antonio Basagoito, o porta-voz do Partido Socialista de Euskadi (PSE) no Parlamento de Vitória, Rodolfo Ares, e o porta-voz do PP basco, Leopoldo Barreda. Juan María Atutxa, presidente do Parlamento basco, era outro dos "homens a abater".

Após a detenção do etarra, a polícia encontrou aquela lista no seu apartamento e considerou "iminente" a possibilidade de um atentado contra qualquer um destes homens. Além deste documento, a polícia encontrou ainda uma espin- garda de mira telescópica. Segundo o El Mundo, os investigadores estão a tentar perceber se a arma foi usada em algum atentado.

As informações publicadas na imprensa espanhola contradizem os documentos internos divulgados pela ETA após os atentados de 11 de Março, nos quais a organização concluía que a violência destes ataques tornava "contraproducente" qualquer acção mortífera.

Ontem ao final do dia, Aldunate foi ouvido pelo juiz Baltasar Garzon, que decretou a sua prisão preventiva. Ieltxu de Aberasturi Rodríguez, da rede de apoio à ETA detido em Campello, na região de Alicante, no mesmo dia que Aldunate, também ficou detido após ter sido interrogado pelo juiz.

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