Regina Barros demonstrou, numa tese de mestrado, que a maioria dos alunos apresentam alterações posturais relacionadas com a carga excessiva do material escolar.."É preciso alertar os políticos para a necessidade de legislar esta matéria, já que cada vez mais as crianças apresentam problemas posturais em estado avançado e a prevenção destas lesões deve ocupar um lugar privilegiado no nosso sistema educativo", salienta, nas conclusões do trabalho..Em declarações à Lusa, Regina Barros destacou que a sensibilização de alunos, pais e professores pode ter efeitos bastante positivos.."Como os alunos sabiam que estava ser feita uma avaliação [no decurso dos inquéritos para a elaboração da tese] começaram a ter a percepção do que estava certo ou errado. Houve uma mudança de hábitos. Depois até exigiam boa postura aos pais e corrigiam a dos colegas", sublinhou a especialista em Engenharia Humana..A escolha do saco onde se transporta o material também é decisiva: as mochilas são o equipamento mais aconselhado, mas devem ter apoios lombares e ser usadas de forma correcta. .Outra solução "sem muitos custos" é a colocação de cacifos nas escolas ou a possibilidade de os alunos terem aulas sempre na mesma sala, para evitar que transportem peso de um lado para o outro.."A maioria das escolas não tem condições para que os materiais permaneçam na instituição de ensino pois não existem armários individuais ou então são em número insuficiente", adianta a autora do estudo..Regina Barros aconselha ainda a realização de "estudos que permitam um diagnóstico precoce dos desvios posturais" e apela aos professores e editoras para que exijam manuais mais leves.."Na ausência de uma norma na legislação portuguesa que proteja os alunos dos malefícios causados pelo transporte excessivo de carga nos sacos escolares, torna-se imperativa a cooperação de todos os envolvidos - alunos, Ministério de Educação, escolas, editoras, encarregados de educação, fabricantes de sacos escolares e demais materiais relacionados - para ultrapassar os problemas relacionados com o uso incorrecto e o peso inapropriado do saco escolar", conclui..Ao contrário do que acontece em Portugal, no Brasil foi aprovada uma lei que prevê que o peso máximo do material escolar transportado pelos alunos não ultrapasse 5 a 10 por cento do seu peso corporal..A legislação brasileira estipula que o material a ser transportado pelos alunos deve ser definido pela coordenação da escola e impõe a existência de armários fechados individuais ou colectivos para guardar o material excedentário.